quinta-feira, 25 de março de 2010

mestrado e questionário

Bom, estou passando a segunda metade do meu segundo mestrado aqui na França. Pois é, dois mestrados em três anos. O tempo voa! Não preciso dizer que estou ficando louca e com pouco tempo para jogar, né?

Bom, já contei aqui, mas repito. Faço, no momento, mestrado no departamento de educação de Paris 13. Eles têm uma especialização chamada Lazer, Jogos e Educação. Excelente, né? Sim, é ótimo, mas, eles pegam pesado com os trabalhos. Enfim, não quero só reclamar. É interessante, também. Inclusive os trabalhos que já fiz. Bom, esse mestrado é profissional e, basicamente, a diferença para um "mestrado-pesquisa" é que, no profissional somos obrigados a fazer um estágio. Ou, então, esse mestrado tem que ter relação com o seu trabalho. Enfim, não tenho nem trabalho relacionado a um dos três temas da especialização, nem (infelizmente) trabalho com esses temas. Pelo menos diretamente. Mas um dia isso tem que mudar, pois preciso arrumar um lugar de estágio.

É aí que vem a parte principal desse post. No início, pensei em dois temas de dissertação. O primeiro deles, seria sobre a construção de uma ludoteca no Rio, voltada para adolescentes e adultos. Ludoteca, na verdade, pode ser traduzido para brinquedoteca, em português. Mas prefiro guardar a tradução literal do francês porque as brinquedotecas brasileiras, como o nome indica, são mais voltadas para as crianças. Aqui, as ludothèques são também mais voltadas para os pequenos. Mas a diferença é que eles também têm uma variedade incrível de jogos para adultos. Lembram como falamos das nossas noitadas numa delas? Pois, algumas dessas ludotecas fazem soirée jeux justamente para atrair o público mais velho.

Descartei a possibilidade dessa dissertação porque teria que fazer estágio numa ludoteca. O problema é que, geralmente, para ser estagiário num lugar desses é preciso saber as regras dos jogos e, mais importante, saber ensinar esses jogos a outros. E eu não tenho esse dom. E, sinceramente, não estou a fim de superar isso.

A minha outra sugestão de tema de mestrado é a construção e o desenvolvimento de uma editora de jogos no Brasil. Sonho meu, sonho meu... Quem disse que os mestrados têm que ser realizáveis? Ninguém!, ufa. Esse é meu tema favorito. Mas é mais difícil para arrumar estágio. Teria que fazer uma editora de jogos. Já fui atrás da Ystari (meu objeto de desejo, mas que me rejeitou, snif), Asmodée, Tilsit, Days of Wonder, entre outras menores. Nenhuma delas podia ou queria me aceitar como estagiária. Eles fazem jogo duro. Mas também porque muitas dessas editoras são pequenas. Ou tem um escritório-representante aqui na França, ou são na casa dos caras. Enfim, são pequenas mesmo. Mas, paciência, continuo tentando.

Uma das coisas que estou pensando para o desenvolvimento da minha dissertação, é fazer um pequeno balanço do mercado de jogos no Brasil. Assim, pensei em lançar um pequeno questionário na net. A idéia (por enquanto) é fazer isso com pessoas que jogam os "eurogames", mas principalmente com aqueles que só conhecem banco imobiliário, war e imagem e ação. É aí que vocês entram: quero saber o que vocês acham, que pergunta excluiriam, que pergunta colocariam, essas coisas. Então, aí vai. Mais uma vez peço a participação de vocês. Em massa, please! Ah, o questionário está em fase de construção. Muuuiito longe de estar pronto! Não está na ordem, por exemplo. E nem foi pensado ou elaborado a fundo. Enfim. é isso.

Questionário

1. Você gosta de jogos de tabuleiro?

Sim ( )

Não ( )



2. Cite até cinco jogos que você tem em casa.


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____________________________________

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3. Você estaria interessado em conhecer novos jogos (de tabuleiro e de cartas) ?

Sim ( )

Não ( )

4. Você pagaria até quanto para comprar um jogo para você ou sua família?


Até R$ 80,00 ( )

Até R$ 90,00 ( )

Até R$ 100,00 ( )

Até R$ 110,00 ( )

Até R$ 120,00 ( )

Até R$ 130,00 ( )

Até R$ 140,00 ( )

Até R$ 150,00 ( )

Mais de R$ 150,00 ( )


5. Você pagaria até quanto para comprar um jogo para um amigo?


Até R$ 80,00 ( )

Até R$ 90,00 ( )

Até R$ 100,00 ( )

Até R$ 110,00 ( )

Até R$ 120,00 ( )

Até R$ 130,00 ( )

Até R$ 140,00 ( )

Até R$ 150,00 ( )

Mais de R$ 150,00 ( )


6. Cite até cinco jogos que você gostaria de ver no mercado brasileiro.


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7. Quais tipos de categoria (mecânica) de jogos você gosta?


azar ( )

guerra ( )

estratégia ( )

leilão ( )

construção de cidades ( )

econômico ( )

miniaturas ( )

blefe ( )

abstrato ( )

dedução ( )

cartas ( )

tipo banco imobiliário ( )

tipo imagem e ação ( )

tipo war ( )

outro(s): _______________________________

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8. Quais tipos de tema você gosta em jogos?


medieval ( )

western ( )

fantasia ( )

politico ( )

II guerra mundial ( )

terror ( )

corrida ( )

piratas ( )

outro(s): _______________________________

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9. Por que você compra um determinado jogo?

já joguei ( )

já tive o jogo ( )

gostei do tema ( )

gostei da capa ( )

li numa revista/site/jornal e me interessei ( )

um amigo me recomendou ( )

gostei da mecânica ( )

outro(s): _______________________________

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10. Você conhece algum desses jogos?

Carcassonne ( )

Catan ( )

Puerto Rico ( )

Agricola ( )

Ticket to Ride ( )


11. Você frequenta o site www.boardgamegeek.com?

Sim ( )

Não ( )


Sei que ainda está bem confuso e talvez tenha que separar bem as perguntas para os newbies e as perguntas para os já jogadores... E a pergunta 10 tem que subir.

domingo, 7 de março de 2010

Ressaca

Acho que já contamos como a ludoteca é legal. Cheia de jogos, com espaço para várias mesas, e cheia de...jogos! Ontem ela estava especialmente cheia. Não só de jogos, mas de gente. Eram umas oito mesas jogando. E nós cinco ocupando uma delas.
O plano de experimentarmos a tríade El Grande, Hymalaia e Caylus foi por água abaixo. (ps Tânia: nunca foi meu plano jogar estes três seguidos. Acho que o povo precisa de umas coisinhas mais leves no meio). É claro que eu não imaginava jogar os três seguidos, Tânia... Mas, enfim. Foi por água abaixo porque o Caylus estava emprestado e eles não têm a expansão do Hylamaia... Domage.
Começamos com El Grande, que fez sucesso! Uhu! Tânia e eu jogamos muito, muito mal. E, no fim, brigávamos para não ficar em último. Veja só, apresentamos um jogo e levamos uma surra da russa...que vexame. Marina, a vencedora, disse que é um jogo tenso, talvez tenso de mais pra ela. Mas até que gostou. O clássico de Kramer e Ulrich também agradou ao público masculino. No fim, Ítalo ficou com o segundo lugar, seguido de Yannick, Tânia (eu) e eu (Bel). Até que nós quatro ficamos bem perto, mas a Marina deu a volta no tabuleiro.


O seguinte foi uma sugestão de Marina. Na verdade, sugestão de um amigo do trabalho dela. Assim, jogamos Du Balai!, de Bruno Cathala e Serge Laget. Leitura rápida das regras e c'est partie para uma volta de vassoura. Na verdade, trata-se de uma corrida de peões (ou de bruxas). O mecanismo é simples. Nove dados contendo diferentes símbolos em duas cores são jogados dentro da caixa aberta do jogo, no centro da mesa. Todos devem tentar memorizar, o mais rápido possível, quais os símbolos que aparecem em somente uma das cores (ou seja, aqueles comuns aos laranjas e pretos são considerados não válidos. O jogador deve então memorizar todos os dados pretos ou laranjas que restarem). O primeiro que acha que já os memorizou, fecha a caixa. Todos devem, então, mostrar simultaneamente os símbolos que acreditam válidos para uma das duas cores. Cada acerto faz as vassouras avançarem.


Ou seja, o jogo é de atenção, agilidade e memória visual (Bel: Perrrdi!). O Yannick logo de cara resolveu impor um ritmo frenético à partida, fechando a caixa após poucos segundos. Devo dizer que sua estratégia não foi lá brilhante e ele recuava mais do que avançava, mas fez o jogo ficar bem mais divertido. O fim foi uma corrida entre Italo e eu (Tânia) que acabei vencendo por muito pouco.

Para terminar a noite, pedimos algumas sugestões de jogos para cinco pessoas, mas os caras da ludoteca não estavam lá muito animados - eles estavam jogando - para nos explicar Endeavor (da próxima vez farei o dever de casa: lerei as regras antes de ir pra lá.). Assim, ficamos entre Amun-Re e Puerto Rico... Pois é, duas opções beeem cabeçudas e um tanto polêmicas. Sim, porque o jogo do Knizia é excelente, mas demora, além de ter um mecanismo pas évidant, e a gente não lembrava das regras (gente, leia-se Tânia). Assim, perderíamos muito tempo para ler (ou seja, lembrar) e explicar. Optamos pelo Puerto Rico, não exatamente a escolha mais fácil. Até porque, como sabemos, o jogo não fica tão bom com cinco pessoas. Ele é melhor com três ou quatro. Mas, paciência (mas eu achava que o Ítalo já estava preparado e ele já tinha demonstrado, em vários momentos, curiosidade para jogar o número 1 do BGG. Até porque, ele mal começou a jogar e já estava fuçando o site para conhecer mais jogos).

Aprendemos a lição: antes de ir, temos que ler as regras de alguns jogos que gostaríamos de testar porque os animateurs (os caras que ajudam o público e explicam as regras) acabam se ocupando demais de algumas mesas e de menos de outras...

Puerto Rico acabou sendo o declínio da noite. Não fez sucesso na mesa. Foi lento e com pouca emoção. Fora que a galera já estava com sono (saímos de lá às 3h). E eu, sinceramente, cada vez que jogo, tenho mais certeza de duas coisas: que não entendo esse ranking do BGG e que não curto Puerto Rico! Pronto, falei.

Acho que a culpa nem foi tanto do Puerto Rico. Acho que deveríamos ter escolhido algo mais leve para o fim da noite. Depois pensei que Modern Art tería sido perfeito: mais interação e agilidade para acordar a galera.

Mas, vivendo e aprendendo. Da próxima vez (infelizmente só em junho!!!), iremos preparadas!

Tânia et Bel


Fotos extraídas do site www.boardgamegeek.com

quinta-feira, 4 de março de 2010

l'apprentissage - ou a catequese


Nosso grupo de jogadores está cada vez mais sólido e ávido por novidades. E, o interessante é que, enquanto no Brasil os meninos encontraram jogadores, nós, aqui, encontramos (mais) jogadoras. Quer dizer, basicamente são dois casais, mas as mulheres parecem bem mais interessadas nos jogos. Hum, se bem que um dos homens comprou um desses daqui, ó. Pois é. Ou seja, teremos que encará-lo um dia, afinal, não pega bem estimularmos compras e depois não jogar o que os outros têm em casa, não é mesmo?

Enfim, nós começamos as soirées aqui muito lentamente (e ainda estamos beeem lentas). Os estudos são os maiores culpados. Mas agora, último ano, vou acionar o "botãozinho mágico" e vamos jogar mais. Só que, jogar mais, vai significar encarar novos jogos. Para eles, principalemente, mas pra gente também. Não queremos impor nada, claro, mas em especial não queremos impor nada muito cabeçudo e que possa assustar a clientela -, vamos doucementpara que todos saiam contentes.

Assim, ao longo desses anos, eles já conheceram 6 qui prend!, Saboteur, Alhambra, Pandemie, Citadels, Novembre Rouge, Formula D, Petit Meurtre & Faits Divers, e, se não me engano, Land Unter, Ghost Stories, (esse último, na ludoteca). Entre outros.

Como podem ver, a catequese se faz com jogos leves, alguns "farofas" até, conviviais e para vários jogadores. Mas leve não significa que alguns deles não tenham momentos de analysis paralysis.

Teve uma vez que perdemos a mão. Quer dizer, no final acabou dando certo. Foi quando fomos visitar Ângela, nossa querida amiga do Porto, inexperiente, que morava na Cité Universitaire. Ela encarou um Ruse & Bruise versão em alemão, logo de cara! A sorte é que ela pegou relativamente rápido os poderes das cartas (e nós tínhamos um papel que explicava em inglês e em português os tais poderes). Mas o que fez toda a diferença foi a paciência (e a vontade) para aprender tudo aquilo de uma vez.

Às compras
Infelizmente, Ângela voltou à terrinha. Mas não resistiu e levou um joguinho. Pediu um conselho, pois queria algo temático, que a lembrasse do tempo vivido em Paris. Assim, sem pestanejar, aconselhamos o Guillotine. E Ângela saiu de Paris com um exemplar do excelente jogo de Paul Peterson! Fora o Coloretto (se não me engano) para a sobrinha. Tá vendo? Deu certo! Mais uma que se interessou pelos euro-games.

Nesse mesmo dia que fomos com Ângela comprar algo para ela, também levamos o Ítalo para a Variantes. O mineirinho conheceu os euro-games conosco, durante algumas soirées aqui em casa. Gostou da coisa e resolveu que ia comprar um. Ítalo era um caso à parte. Gostou de cara dos jogos e pegou a manha super fácil. Tornou-se imediatamente um forte concorrente para a Tânia.

Mas Ítalo ama o universo dos RPG. Então, na hora da compra, levamos isso em consideração. Só que precisávamos saber quais eram as "condições de uso" do jogo, ou seja: com quem ele iria jogar. Tentamos explicar isso pra ele, tentando evitar que ele comprasse algo como World of Warcraft porque não ia dar certo.


Começamos, então, a procurar o pouco que conhecemos de jogos que misturam bons mecanismos e o tema medieval. Mas aqui vem outro problema: aqui, não há tantas opções de jogos no estilo RPG sem ser um RPG de verdade ou sem durar mais de três horas. Fora que nós não conhecíamos muitas opções e não queríamos aconselhar às cegas. Conhecemos o ótimo Cave Troll e o Drakon, mas estão esgotados e não são nada fáceis de serem achados. Assim, depois de analisarmos o "público alvo", ou seja, com quem ele ia jogar, decidimos expandir e sair do universo medieval. Vimos que o ideal, para aquele caso - namorada inexperiente, amigos não muito ligados a jogos, nós, etc - era que ele levasse um jogo clássico, algo que pudesse agradar a gregos e troianos. Aconselhamos Ticket to Ride, Märklin Edition, porque esse não tem erro.


Voar, voar, subir, subir
Mas agora queremos voar mais alto. Atingir níveis profiças, avançados, com nossos nem tão novatos assim. Queremos que eles tenham experiências com os jogos cabeçudos! Sim, já está mais do que na hora. É preciso ousar. E eu, que sou um ser ansioso (já disse isso aqui? Acho que um milhão de vezes, mas não custa repetir), quero apresentar minha seleção de sugestões para o próximo 6 de março, dia de ir à ludoteca.

Tudo indica que seremos cinco. E cinco é um bom número. Ok é um número razoável. O ideal seria 4. Mas quanto mais gente, melhor.

A idéia é mostrar a essa gente alguns tipos diferentes de casse-tête. Mas sem fazer ninguém pensar que a ludoteca é um lugar de tortura!

Assim, escolhi os seguintes:


El Grande - sempre! Um dos meus favoritos. Um dos jogos que mais sinto falta. Clássico nas rodas cariocas (pertence a coleção do Chirol), ele não quebra a cabeça, mas é um "jogo de primeira necessidade". Considero El Grande um rito de passagem, no qual o jogador, virgem e inexperiente, descobre que precisa sacanear o outro para vencer. Tudo, lóogico, respeitando as regras e as boas maneiras. No caso dos jogadores daqui da França, ainda inexperientes, esse será o rito de passagem mais importante para que eles se tornem verdadeiros jogadores. É que eles ainda são ingênuos e demoraram para notar que alguns jogos pedem e ficam muito mais divertidos quando há interação entre os jogadores. Mas eles ainda são puros e precisam descobrir que o mundo é cruel. E não há melhor jogo para esse aprendizado.



Himalaya - também não é nenhum jogo cabeçudo, mas é muito tenso. Outro jogo da coleção Chirol que muito, muito me agrada. Uma pitada de caos aqui, jogada simultânea ali, Himalaya é um grande jogo que pode fazer muito sucesso entre os amigos. Conto com ele para conquistar de vez aqueles que ainda estão em dúvida quanto aos jogos de tabuleiro. Mas teremos que jogar com a expansão e não sei se ela funciona bem com cinco.






Caylus - bom, tenho certeza de que eles estão prontos. Para quem não sabe, Caylus foi o meu divisor de águas. Sabe, de vez em quando, gosto de um jogo cabeçudo, desses que faz a gente queimar neurônios. Não sei se jogo bem, mas gosto muito disso. De vez em quando!, que fique bem claro. O sucesso da Ystari é um dos meus favoritos nesse estilo. Ainda não encontrei um jogo que seja tão intrigante e que tenha esse nível de tensão tão alto. Acho que pode agradar. De qualquer forma, eles precisam encarar um jogo diferente, estimulante. Vamos ver no que dá. A questão é que, com cinco, não sairemos nunca da ludoteca. Caylus fica beeem lento com muitos jogadores.

Não sei se os três poderão ser apresentados na mesma noite. Caylus pela primeira vez pode levar horas e horas; no Himalaya podemos encarar algumas analysis paralysis, assim como no El Grande. Mas esse trio é maravilhoso. Dá vontade de comprar El Grande e o Himalaya só para tê-los na minha coleção de jogos.

Outra vantagem de apresentar esses jogos é que conhecemos as regras. Assim, não perderemos tempo lendo e explicando.

Mas se vocês tivessem uma ludoteca incrível, com quase todos os jogos disponíveis, o que vocês sugeririam aos nem tão novatos jogadores, sedentos por novas diversões?


Fotos extraídas do site www.boardgamegeek.com
foto Cave Troll: Achilles Chirol