terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Não podemos ficar um mês sem

Olá a todos!

Após merecidas férias ou uma lua de mel atrasada, volto a postar aqui no Oba, premido pela necessidade de que este prestigioso blog não poderia ficar sem um novo post tanto tempo assim. Não tenho um evento do porte do aniversário da Tânia para relatar ou mesmo um furo jornalístico para comentar.

O que tenho é minha vida prosaica, recheada de felicidades e imprevistos, alguns dissabores e jogos. Fiquei longe das mesas por quase um mês e na minha volta tive diversas estréias. Essa experiência é que gostaria de compartilhar com os amigos aqui do Oba.

Gostaria de comentar especialmente os seguintes: Felix the Cat, Hamburgum, Starcraft, Amyitis e Celtica.

Felix the Cat

Um jogo de leilão original do Friedmann Friese, talvez o kra que faça o Dimitri esquecer de seu muso Faidutti. Cada jogador tem um set de cartas que representam pontos. A cada rodada todos os jogadores escolhem uma carta em segredo, deixam sobre a mesa e passam a leiloar todo o grupo. Quem der mais, leva o grupo. As cartas podem ser pontos positivos, negativos ou efeitos. No final, quem tiver mais pontos vence.

O curioso é que as cartas que os jogadores colocaram na mesa vão sendo reveladas aos poucos, conforme os jogadores desistem do leilão. A saída também determina a quantidade de dinheiro que o jogador desistente leva.

Logo, é um jogo de blefe e leilão muito simples e rápido, muito família e divertido. Em suma, um bom jogo para se ter e jogar com os mais variados grupos.

Hamburgum

O rondel voltou mais uma vez, dando voltinhas e possibilitando produção e outras ações. O coração de cada jogo de rondel são as tais "outras" ações e estas tornam o Hamburgum um jogaço.

Não há aqui nada de controle de área e a produção é intrínseca a cada jogador. Todo mundo produz todos os produtos, basta escolher a ação respectiva e produzi-los. O que acontece é que outras ações possibilitam desenvolver esta capacidade intrínseca, o que por sua vez conduzirá a um potencial maior de vendas que por sua vez possibilitam acumular dinheiro para comprar materiais e fazer doações.

E este é o ponto: o que interessa é se preparar para fazer doações às igrejas e escolher o momento apropriado de realizá-las. Muito do jogo é saber a hora de dar o bote. Isso é tão importante que os criadores consideram ser o primeiro uma boa vantagem e procuram balancear isso no set-up inicial. Para uma turma de iniciantes a vantagem não é evidente e ser o primeiro pode ser algo ruim.

O curioso é que o jogo tem alguns mecanismos de equilíbrio que evitam alguém disparar na frente: só se pode escolher uma única igreja para fazer doações na sua vez, estas tem um custo progressivo mais alto, os jogadores não podem acumular sinos, elemento necessário para se fazer a última doação em cada igreja e o jogador a fazer a última doação ganha os pontos por completar a igreja (cada igreja comporta 5 doações, ou seja, alguém pode fazer 4 doações e ainda assim não levar os pontos pela igreja completa).

Todavia, completar igrejas é apenas um bônus, o grosso da pontuação será feita no processo de doação: cada doação premia o jogador responsável com um "donation token" que é convertido em pontos e no final do jogo vence quem tiver mais pontos.

Jogão, mais um gol da Eggert Spiele.

Amyitis

E falando em empresas que só costumam lançar bons jogos, obviamente que tenho de citar a Ystari e seu mais novo jogo: Amyitis. E ele é bem temático! O Nabucodonosor casa com a Amy que vem de um país luxuriante e a Babilônia não era destaque pela sua vegetação. Então para agradar a esposa e torna suas noites dignas de história e para ir além das 1001, Nabucodonosor resolve construir os Jardins Suspensos e nós, nobres sedentos de prestígio, nos encarregamos da construção. Quanto mais plantamos ou ajudamos no processo, sem esquecer de louvar nossos deuses (Ishtar, Marduk e Jammouz), mais prestígio temos, o que significa nossa vitória no fim.

O jogo tem uma mecânica extremamente ágil. A cada turno dispomos grupos de 3 homens (o número de grupos corresponde ao número de jogadores). Os homens são divididos em 4 funções diferentes (engenheiro, camponês, sacerdote e comerciante). Quando escolho um deles, executo a função correspondente.

O detalhe é quando um homem dentro de um grupo é escolhido, torna a opção seguinte dentro daquele grupo mais cara. A primeira opção dentro de cada grupo é de graça, ou seja, todos os jogadores terão a chance de escolher uma ação gratuita, já que o número de grupos corresponde ao número de jogadores.

As ações em si e mais sobre o jogo comento em outra oportunidade. Por ora, basta dizer que é um jogo excelente, de peso médio e que tem Y no título (só recentemente me dei conta que todos os jogos da Ystari tem Y no título).

Celtica

Há tempos que venho namorando este jogo do Krammer, mas ele parecia tão bobo e tão poucos falavam nele...Enfim, não resisti e num dos meus impulsos que me valeram a sociedade na Impulsivo & Compulsivo Ltda, adquiri.

Trata-se de um jogo de tabuleiro filler. É muito rápido e sacana. Basicamente dirigimos druidas que vagam pela terra coletando pedras preciosas. Conforme as acumulamos montamos amuletos. No final, quem tiver mais amuletos vence.

O curioso é que nada nos representa no tabuleiro. Jogamos cartas para mover os druidas, que são 5, em cores diferentes. Na minha vez jogo uma ou mais cartas de uma única cor e o druida correspondente se move aquela quantidade de espaços no tabuleiro. Os espaços se dividem entre bons (pegar pedras), ruins (perder pedras) e apostas (comprar cartas).

O lance é que ao longo da rodada todos os jogadores tem que se desfazer de todas as cartas na mão, ou seja, posso ser obrigado a mover um determinado druida para um lugar ruim que me fará perder pontos (por isso comprar cartas pode eventualmente ser algo ruim). O jogo acaba quando um druida chegar ao fim da viagem (detalhe: os druidas sempre movem para diante, então não há muitos meios de se retardar o jogo).

Os componentes são muito bonitos e o jogo é bem fácil. Todavia tive alguns problemas com a tradução das regras e alguns detalhes não ficaram muito claros na primeira partida. Então vou aguardar mais para emitir um julgamento mais acurado.

Starcraft

Muitas miniaturas diferentes entre si, três raças, 6 facções, tabuleiro modular, cartas de combate, cartas de evento, enfim, tinha tudo para ser uma epopéia a la TI 3, mas não. O jogo dura a metade do tempo. Em 4, sendo dois novatos totais inclusive sem a experiência do jogo de computador, levamos menos pouco menos de 3 horas.

O sistema de ordens é semelhante ao TI3, mas não tem a mecânica de seleção de papéis. As ordens são de movimentação, construção e desenvolvimento e todos os jogadores tem ao longo do jogo inteiro um set de 6+3 ordens (duas de cada mais uma especial de cada), sendo que ao longo da rodada só podem usar 4 ordens. A essência do jogo é a distribuição das ordens pelos planetas e é fantástica essa parte.

Já o combate é que não me causou a melhor das impressões, mas ainda preciso jogar mais antes de ter algumas certezas. O problema todo é que embora existam diversas miniaturas, no afã de afastar imponderáveis (lembrem-se que não há dados), as cartas de combate tem um determinado range de probabilidades e este é limitado, porque as cartas não são em grande número. Assim, para conhecedores do jogo os resultados são extremamente previsíveis, tirando um pouco da emoção das brigas.

Outra coisa frustrante, embora facilmente solucionável com o uso de variantes, é que pelas regras originais com as condições de vitória especiais, o jogo pode ser muito rápido. Na verdade não há tempo para ambição e acumulação: algumas das miniaturas mais legais simplesmente não tem a oportunidade de entrar em jogo.

Talvez não seja o jogo dos sonhos dos ameritrash, eu diria que este é um ameritrash light. Trata-se de mais um exemplo da fusão de estilos e mecânicas e o resultado final tem potencial para agradar sim. Só fiquei com algumas dúvidas mas jogaria novamente e gostaria disso.

Bem, com tudo isso saio com a certeza de que devo escrever mais para o Oba! Mas queria jogar antes hehehehehehe

abs

7 comentários:

missbutcher disse...

BOM,vou tentar postar pela segunda vez:
Oba, Stein!
Que bom que você está de volta, rapaz.
Desses jogos que você comentou, temos o Amyitis. E é com pesar que digo que a Ystari não teve a mesma "mão" com esse joguinho. é cabeçudo, tem várias formas de jogar, tem mil coisas pra pensar. Mas ainda prefro Caylus ou Ys (não conheço o Yspahan). Não chega a ser um jogo ruim, mas também não disse a que veio.

Já o Hamburgum é realmente bem legal. Jogamos em Leiria, no tabuleiro feito pelo próprio Mac (pois é, já estamos íntimas do homem) tendo como pano de fundo Lisboa. O tabuleiro, aliás, é muito mais bonito do que o "original" do Hamburgum. Aproveito para dizer que estou trabalhando num post sobre POrtugal. Mas não está sendo fácil. Estou na terceira página e ainda não terminei.

Bom, dos outros joguinhos, fiquei interessada pelo Felix the Cat. Primeiro pelo Felix - adorava o bichano! - segundo por ser um jogo de cartas bem caótico - adoro também!!

Beijos
Bel

Stein disse...

Bel,

Vou confessar algo: a primeira vez que li as regras do Amyitis fiquei apreensivo, não tinha entendido nada. Na segunda ainda não tinha sacado qual era a do jogo.

Então fiz uma simulação de partida. Foi quando finalmente entendi a coisa.

Depois joguei duas partidas deles com outros seres humanos, sem nenhum bot e adorei o jogo.

Realmente tem várias opções para pontuar e não sei se feliz ou infelizmente é um jogo que você precisa prestar muita atenção no adversário para marcá-lo.

É um jogo de oportunidades, no qual vc tem que necessariamente estabelecer prioridades, sabendo que, eventualmente, algumas de suas opções podem ser queimadas pelos adversários.

E além de tudo é muito dinâmico, mas realmente não é dos jogos mais intuitivos da Ystari. Para o meu gosto calhou muito bem.

abs

sTein

Chirol disse...

fala Stein!!

Ainda bem que você postou algo! Estava tentando postar algo, pensando em algum review do Hellas, do Cold war ou o Thebes, mas a falta de tempo é uma desgraça...

E sobre os jogos que você falou, se vier ao Rio jogo feliz o Starcraft. Adoro miniaturas!!! :)

abraços!

Dimitri BR disse...

valeu, Stein, por manter acesa a chama dos jogos. :]

por aqui até que arrumamos um tempinho pra jopgar, e uns parceiros eventuais pra não ficar só no Dimitri X Chirol (ontem mesmo, por exemplo, o Hofty nos derrotou a ambos numa boa partida de Thebes :) .

mas a mais nova mania - ou candidata a mania - é mesmo tête-a-tête, o mais feroz de nossa história recente: KGB x CIA, na luta cruel e baixa pela dominação mundial!

o joguinho, que me foi gentilmente e inseperadamente presenteado por nosso amigo non-gamer Thiago - ajudado por nossas mais-que-gamers Isabel e Tânia, que o hospedavam - é realmente supimpa, insidioso, divertidíssimo e etc e tal.

vejamos quem se sai primeiro com a resenha - eu (KGB) ou Chirol (CIA)!

por ora, fiquemos com Fidel, o boardgamer.

...e abraços paratodos!

Tânia disse...

Valeu pelo post, Stein. Até eu já estava cansada de ver minha data de aniversário na página do Oba. Quanto ao Amyitis meu problema não é o fato dele não ser intuitivo. O que eu não gosto são aquelas cartas que vão melhorando sua caravana. Eu acho que elas são muito poderosas e desbalanceiam o jogo. Não joguei muitas vezes, mas o dia que a Bel resolveu que não queria investir nestas cartas ela acabou me entregando o jogo de bandeja. Eu acho que, no mínimo, elas deveriam ficar sempre disponíveis pra todos os jogadores.
Beijos

Stein disse...

Tania,

A caravana embora te garanta uma boa mobilidade não é nada sozinha. Joguei partidas apenas em 3 ou 4 jogadores e o que acabou sendo mais decisivo foi o banqueiro.

Das evoluções é a que o pessoal sempre buscou. Não sei como seria o jogo em 2, por isso me abstenho por ora de comentar.

Dimi, Chirol: o CIAvsKGB é muito bacana, mas pode ser frustrante demais dependendo das circunstâncias da partida, principalmente como algumas podem acabar. Mas é um jogo muito bom, topo ele fácil.

Chirol: difícil eu levar o Starcraft para o Rio, muita tralha. É para se pensar.

Todos: conheci um joguinho que cairia nas graças de vocês aí no Rio: Sream Machine. Muito engraçado.

abs

Stein disse...
Este comentário foi removido pelo autor.