quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Qui mi pooorrrrtaaa o seu preconceito?

Quando o Agricola virou mania no BGG eu torci o nariz, pois afinal se tratava de mais um eurogame bem amarradinho, possivelmente muito bom, mas com um tema pra lá chato: criar uma família em meio a plantações e criações de animais? Qual a graça?

Bom, de mania ele se tornou hit, desbancando o eterno nr. 1, Puerto Rico (cujo tema, convenhamos, também não é lá muito empolgante, mas o jogo é bom). Como número 1 de uma comunidade de nerds críticos e que levam a sério a própria diversão, o Agrícola merecia respeito, pensei. E, então, sem ter lido uma única crítica ou resenha, comprei o jogo.

COMPONENTES

Aqui os parabéns para a Z-Man, cujos componentes sempre estão num excelente nível de qualidade (empresa que aliás tem acertado em seus últimos lançamentos, com jogos muito bons e originais, vide Pandemic, Duel in the Dark, 1960 e Agricola).

As cores são bem destacadas, tudo em bom tamanho e as cartas são excelentes. O manual é muito bem ilustrado e completo. Enfim, um bom serviço. O material está muito condizente com o preço. Vale a pena.

O JOGO

Existem duas versões, uma num estilo mais europeu e restringindo as cartas, batizada como "family game". Não experimentei ainda, por isso vou me abster.

A versão full, prevendo o uso indiscriminado das cartas. São quase 400 cartas então dá para imaginar a diversidade não é (e são todas diferentes entre si)? Considerando que cada jogador tem 14 cartas para usar ao longo de uma partida...

O objetivo é desenvolver a sua fazenda, cercando os campos para criação de animais, arando para plantações e construindo anexos à casa, para acomodar os novos rebentos da família. Cada jogador começa com um casal (duas peças) que executará as ações designadas.

O jogo se desenvolve em 14 rodadas. A cada rodada o jogador deverá alocar os membros disponíveis de sua família para trabalhar na fazenda. As ações disponíveis são as iniciais do set-up, mais as básicas do tabuleiro e mais a da rodada (toda rodada é revelada uma nova ação, que passa a ser disponível a partir dali até o fim do jogo).

As ações variam muito, mas basicamente podemos ter:
- recolhimento de um recurso (existem 4: madeira, barro, pedra e palha);
- recolhimento de animais (são 3: ovelha, javali e vaca)
- recolhimento de comida
- recolhimento de sementes (grãos ou vegetais)
- preparar os campos para plantação
- plantar os campos
- expandir a habitação e construir estábulos
- cercar os campos para formação de pastos
- contratar profissionais para prestar serviços
- implantar melhoramentos (são duas classes: uma são cartas na mão dos jogadores, outra são cartas disponíveis para compra na mesa, são 10 cartas e são fixas)
- desenvolver a casa
- aumentar a família

O detalhe é que em determinados turnos existe uma espécie de checking point, quando ocorrerá a colheita. Neste momento, além do nascimento de novos bichinhos e do recolhimento da sua safra, você deverá alimentar a sua família: para cada membro vc deverá gastar 2 comidas.

A dificuldade é que a colheita ocorre a intervalos relativamente pequenos: são 14 rodadas e a colheita ocorre nas rodadas 4, 7, 9, 11,13 e 14. E deixar de alimentar membros da sua família além de ser péssimo para seu sentimento paterno é pior para a sua pontuação no final do jogo.

A pontuação é vinculada a tudo o que vc fez na fazenda, basicamente:
- Quantidade de campos plantados
- Quantidade de pastos formados
- Quantidade de estábulos cercados
- Quantidade de quartos e respectiva espécie (madeira, barro ou pedra)
- Quantidade de bichos
- Quantidade de grãos e vegetais
- Tamanho da sua família
Mais bônus variados oriundos de cartas

Há penalidades na pontuação para cada espaço ocioso em sua fazenda bem como pela falta de alimentação.

COMENTÁRIOS

São dois primados básicos no jogo: expandir sua família e sustentar sua família. Ao expandir sua família vc terá mais opções de jogo a cada rodada, mas também terá uma responsabilidade maior de alimentação, visto a frequência que ocorre a colheita.

A alocação para execução de ações é particularmente cruel pois as ações são executadas imediatamente, não é feita alocação de todos para só então receber os recursos. Seu cuidadoso planejamento pode ir para o espaço se os jogadores escolhem justamente o que você precisava. Neste ponto lembra demais o Caylus.

O seu planejamento muitas vezes será feito considerando as opções oferecidas pela sua mão de cartas. Mas aqui se trata de uma maximização do seu jogo, de forma complementar. Não existe uma mão ruim ou boa. É puro gerenciamento.

A rejogabilidade é imensa, graças ao número de cartas, que possibilitam inúmeras estratégias, porque é quase inimaginável a quantidade de combinações possíveis em meio a mais de 400 cartas. Eventualmente, dependendo da sua mão, você pode vir a ter 3 ou 4 estratégias possíveis.

Ademais, com 14 cartas seguramente haverá algumas boas opções, mesmo porque não é sempre que você conseguirá utilizar todas as cartas. Em suma, é um jogo excelente, que deve ser jogado muitas e muitas vezes e merece o posto.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Agricola buono est

Realmente, o jogo merece. O simples fato dele ter ultrapassado o PR já me chamou a atenção o suficiente para comprá-lo, mesmo sem nunca ter jogado.

Como ando com sorte, o jogo chegou no exato dia em que haveria uma sessão de jogos em casa, e ainda se beneficiou de isenção fisca (e ainda veio o The Mosquito)l!!!! Tudo conspirava para eu amá-lo hehehehe

Jogamos em 4, dois novatos, um kra com 3 partidas nas costas e o Stefan, um sueco que apareceu por aqui, como único já muito experiente. Descontando a surra que ele nos deu e o meu completo atordoamento nesta primeira partida o jogo é ótimo, impressão que só foi reforçada no jogo solo que terminei há pouco.

O jogo base tem regras muito simples e suporta de 1 a 5 jogadores. As cartas garantem a variabilidade e a rejogabilidade. O Pedro, colega constante em jogas daqui, disse que é o eurogame mais amerithrash que ele conhece. A definição é excelente.

Num outro post, numa outra hora comento mais sobre o jogo.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Quando um pedido é uma ordem

De nada Bel. Na verdade os textos seus é que dão uma cara mais bonita para o Blog, os meus são só para dar uma impressão de atividade hehehehehe

Vocês já notaram que pedido, dependendo do contexto, pode ser "order"? Enfim, o que sei, é que foi feito um pedido, o qual me alegro a atender.

PANDEMIC

Bel, talvez a palestra chata e pessoas não muito legais tenham influenciado o seu espírito, impedindo-o de apreciar as belezas deste jogo quase impossível de vencer. Jogadores unidos na tentativa de curar populações de moléstias malignas. São quatro jogadores, quatro regiões no mundo, quatro doenças.

A chave de tudo é saber utilizar os poderes de cada um dos personagens e estabelecer uma espécie de gerenciamento coletivo de mãos, sem comunicação entre esses mesmos jogadores, ou seja, exige uma afinidade de pensamento.

É uma corrida pela saúde e angustiante, porque o jogo caminha inexorável rumo ao fim e às vezes a impressão que se tem é que se está apenas adiando o inevitável e não jogando para realmente vencer.

Eu gostei muito, sentimento compartilhado por muitos aqui. Algum mecanismo em particular te desagradou?
------------------------------------
PIRATE'S COVE

Já sobre o pirate's cove é um jogo de despretensioso mas de produção bem caprichada, padrão days of wonder. Como jogo, ele não tem muito a dizer ou fazer você pensar.

Cada jogador possui um barco, representado no tabuleiro por uma miniatura e para outros efeitos por um miniboard que fica defronte ao jogador. O miniboard traz 4 características do navio: vela, tripulação, canhões e capacidade de carga.

As características dos barcos vão de 2 a 7 (ou algo próximo). Para evoluir o nível de uma característica necessito de ouro, sendo que a cada passagem eu necessito de mais ouro. Só ganho ouro pilhando ilhas.

O mapa possui 7 ilhas, 6 das quais são destinos válidos para os barcos na hora da seleção de ações. Cada ilha possui uma determinada característica relacionada a uma característica dos barcos, possibilitando a evolução mencionada. Além disso, a cada rodada são reveladas cartas, uma em cada ilha, indicando o que pode ser pilhado ali naquela rodada (ouro, fama, tesouros ou bônus).

As cartas de pilhagem são absolutamente distintas entre si: algumas trazem muito ouro e tesouros, mas nada de bônus ou fama enquanto outras trazem justamente o oposto. Os bônus são cartas especiais que compro que me trazem algum benefício para o combate ou para o barco e, eventualmente, pontos de vitória. Fama é igual a pontos de vitória. Tesouros são cubos que posso acumular no meu barco, respeitada a capacidade de carga do mesmo e, posteriormente, posso enterrá-los na ilha do tesouro, ganhando pontos de vitória (1 ponto para cada tesouro enterrado).

A graça do jogo está que a seleção de destinos de cada barco, toda rodada, é feita em segredo e é revelada simultaneamente. quando dois ou mais jogadores escolhem a mesma ilha, esses jogadores entram em combate.

O combate é feito da seguinte maneira: quem tem o maior nível de vela começa. Rola a quantidade de dados equivalente ao menor número coincidente entre seus canhões e sua tripulação (ex.: meu canhão é nível 3 e minha tripulação é nível 4, logo rolo 3 dados). Antes de rolar os dados declaro em qual seção do navio inimigo estou atirando (vela, canhões, tripulação ou capacidade de carga) e a atinjo para cada 5 ou 6 que obter na rolada de dados.

Para cada tiro de sucesso, reduzo em 1 a capacidade do navio oponente na respectiva seção. Se com isso ele fica abaixo do mínimo, o navio é obrigado a ir para o refúgio dos piratas a fim de efetuar os respectivos reparos. Se o inimigo ainda está igual ao mínimo ou superior, ele repete o procedimento contra mim, até que alguém fuja porque foi atingido ou porque resolveu fugir antes de acontecer o pior.

O vencedor das batalhas ou aqueles que tiveram a sorte de se dirigir para locais onde não houve o conflito passam a pilhar as ilhas conforme indicado pelas cartas. Após a pilhagem tem a oportunidade de gastar dinheiro para usufruir do desenvolvimento oferecido pela ilha em que estão.

As críticas são justamente para o combate (rolagem de dados) combinada com uma forma aparentemente aleatória para determinação de conflitos (gessing). Eu particularmente gosto disso. Outra crítica é que é profundamente simples, as escolhas são muito óbvias, ou seja é um jogo sem grandes atrativos para o preço cobrado e é muito longo para sua proposta.

Como me prendo ao processo de jogar e todo o aspecto ludo-estético (cores, tema, miniaturas, etc), acho tudo muito legal e me divirto. O jogo não se declara como brain-burner ou um desafio, mas como passatempo. E isso ele cumpre muito bem. Ele realmente pode passar um pouco do tempo adequado para ele, mas ao invés de se jogar as 12 rodadas sugeridas pela regra os jogadores podem diminuir para algo entre 8 e 11, por exemplo.

É isso aí, espero ter atendido a contento o seu pedido.

abs

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Galactic Emperor

Atendendo ao primo luso, escrevo um pouco sobre o Galactic Emperor.

Chamei-o, é verdade, de primo espacial do Puerto Rico. Poderia tê-lo chamado igualmente de o irmão caçula do Twiligh Imperium III. Inclusive os agradecimentos dos autores espelham as inspirações nestes dois jogos.

O tabuleiro é modular tal como no TI3 e a seleção de papéis é muito semelhante ao do PR, com ações iguais para todos e privilégios para o selecionador do papel. A dinâmica é muito semelhante ao do PR, pois o momento da escolha é especialmente vital: pode ser bom para mim mas melhor para o adversário, então o que escolher e quando escolher é um reflexo da sua sabedoria ou da falta dela.

O conflito é rápido com uma interessante ordem de fases dentro da batalha e pode-se chegar nele rapidamente, já que o tabuleiro é menor que o TI3 e o tempo necessário para montar uma frota também o é.

As tecnologias são poucas e conforme são apropriadas permitem uma particularização de cada jogador, pois ao me apropriar de uma serei o seu possuidor exclusivo, o que é outro fator interessante não só para a rejogabilidade como para a definição de estratégias.

A política também tem vez, mas ao invés de cartas e contagem de pontos, resolve-se simplesmente com a colocação de tokens indicando sua influência. É outro momento confrontacional do jogo.

Embora esteja fazendo diversas menções ao TI3, a semelhança com PR é inegável principalmente devido ao timing de seleção de papéis e sua sequência, então boa parte do jogo é PR. O GE foge do PR e se aproxima do TI3 na sua parte de conflito, sejam as batalhas espaciais, seja a parte de influência política, quando o conflito entre os jogadores é direto.

Gostei muito, porque o tema diz mais ao meu ser do que o PR e não é tão longo como o TI3 (todavia as naves deste último são muito mais bonitas). As miniaturas do GE são feias, o resto da produção é somente ok, o design podia ser mais caprichado até em função do preço, mas tudo bem, o que importa é que o jogo é bom.

abs

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Enquanto isso na Terra Brasilis...ou de Santa Cruz...ou de Vera Cruz...

Li, com certo espanto, o comentário um pouco sentido de nossa companheira literata Bel, queixosa. Segundo ela, o Oba estava às moscas...Ora, o que esperar de hivemaníacos?

Ora, este Stein e seus chistes proverbiais hehehe. Pois bem, dada a qualidade com a qual a Bel sempre nos brinda, resolvi escrever algo, para mostrar que aqui se plantando, tudo dá. Até um texto mal achambrado como este que toscamente procuro imprimir um tom espirituoso.

Por aqui estou com vontade de circular pelo Rio, mas receio que se eu for até a Cidade Maravilhosa e me entocar na casa do Chirol para jogar, serei execrado tanto pela Ana quanto pela Érika, o que me deixaria numa situação assaz desconfortável, mas acho que dada a boa peroba da qual minha cara é feita, acho que seria superável.

Devaneios a parte, vamos às últimas novidades lúdicas aqui destas bandas. Minhas aquisições recentes (considerando os últimos seis meses) foram:

Pandemic
Galactic Emperor
Colosseum (presente de um amigo)
Pirate's Cove
Cuba (presente de uma esposa)
To Court the King (presente da mesma esposa)

Estava tão pra baixo com a baixa de jogos, que resolvi sacudir esse marasmo e comprar aquele que hoje é o melhor jogo do mundo, aquele que desbancou Puerto Rico do lugar mais alto do pódio...Sim, saem o milho, o tabaco, o café e entram um casal de fazendeiros, seu filho e a criação de animais...

Embora o tema, para mim, seja algo que não me atice a vontade e qualquer outro ponto sensível da minha cabeça, do meu estômago ou qualquer outra região ignota do sustentáculo da minha alma, confesso que estou ansioso pela chegada do Agricola. Para não ficar desapontado pedi também um mosquito, por garantia.

E finalmente o Alfredo conseguiu reunir mais 3 pessoas, além dele mesmo, para uma partida de Britannia!!! Clap-clap-clap. Infelizmente a partida não pôde ser jogada até o final, mas despedimo-nos com tudo anotado para reiniciar a partida ainda dentro desta década...

O jogo é bom, historicamente muito bem situado, divertido e flui muito bem após as 3 primeiras rodadas, embora eu não esteja entendendo até agora porque tive duas nações das quatro que possuo eliminadas por nações desmedidamente belicosas enquanto o Alfredo nadava tal qual M. Phelps rumo ao 1o lugar...

O Alfredo também provou recentemente que jogo que tem Emperor, Empire, Struggle, Conquest, Middle Ages ou qualquer coisa semelhante, é com ele mesmo. Na estréia do primo espacial do Puerto Rico, o Galactic Emperor, o Alfredo venceu a mim e ao Palazzi com certa tranquilidade, espalhando seus dreadnoughts pela galáxia, nos aterrorizando com seus piratas espaciais e produzindo loucamente com seus campos de proteína e fábricas robotizadas.

Por último, eu e o Alfredo descobrimos as delícias e vantagens de se jogar pela net jogos como Twilight Struggle. Numa partida absolutamente emocionante, decidida nos detalhes, fomos até a última rodada do turno 10 em apenas 3h30min. Em se tratando de nós dois jogando, é um recorde absoluto. Até nos animamos a enfrentar o Barbarossa to Berlin. Aos navegantes, dêem uma olhada no site www.wargamesroom.com

Estou pronto para comentar os jogos citados...façam os seus pedidos!

abdominais