terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Salve, Magnus!

Eu deveria estar nesse momento terminando minha matéria sobre biodiesel na França. Um imenso panorama do país do croissant que é, na Europa, o segundo a produzir a energia renovável. Bonito, super ecologicamente correto e, vai me dar uns trocados em algum momento. Reais, é bem verdade, mas vá lá, ainda é dinheiro.

Eu deveria estar acrescentando alguma aspas incrível de algum personagem entrevistado (não, não acho que tenha isso nas minhas apurações), dizendo que a produção francesa cresce, ou que tudo vai mal… alguém reclamando é sempre bom.

Eu deveria estar pensando no box de uns 5 mil caracteres – preciso encher lingüiça!!!! – sobre os principais órgãos que estão envolvidos no grande negócio do biodiesel…

Mas estou aqui.

Pedindo a sua atenção… pedindo misericórdia. Livrai-me do biodiesel, ó senhor!!!

Sim, estou aqui, fugitiva – please, não contem pra ninguém.

Estou aqui porque não vejo a hora de escrever sobre alguns joguinhos comprados durante a feira de Essen em outubro. São muitos, mas quero começar com essa minha obsessão, já diria Mautner e os meninos do 3a1: Carolus Magnus.

Sim, Leo Colovini. Esse moço simpático, nascido na bela Veneza, que adora piratas – fez Corsari - ou jogos muito, mas muito mau-caráter, como o Bridges of Sangrila. Esse rapaz, que, sem que eu notasse, fez dois jogos que eu adoro: Cartagena (também de pirata) e Carolus Magnus.

Bom, mas vamos ao jogo… Peraí que estou com muito peso na consciência. Volto já já…

De volta…
Carolus Magnus estava modestamente na wishlist que levamos para Essen. Lembrem-se: eram quase dez páginas, divididas e duas colunas com nomes e características principais de alguns joguinhos que considerávamos interessantes. Estava ali como uma alterntiva, porque ele era para dois jogadores, mas não sabia grandes detalhes sobre o jogo ou sobre o mecanismo.
Enfim, o jogo de Leo Colovini foi comprado basicamente porque estava uma pechincha na feira. Se não me engano, 10 euros. Ou 15 talvez. Não lembro (certamente a Tânia saberá precisar). Assim, deixamos de levar algum novo, como o Antler Island, dos irmãos Gordon e Fraser Lamont, que estava uns 35, 40 euros.


Ai… o biodiesel vai ficar pra mais tarde. Só vou escrever mais um pouquinho e depois volto ao trabalho (o remunerado, claro).

A Mecânica, os componentes, como joga, essas coisas

Voilà: foto para BGG


Serei breve porque não tenho lá muita paciência para descrever os jogos. Posso garantir-lhes que é uma mecânica interessante, que mistura area control, sorte e "leilão" e que proporciona emoção a cada turno do jogo.

Bom, para começar, o jogo é composto por quinze hexágonos – ou territórios - e vários cubinhos de cinco cores diferentes – amarelo, azul, rosa, vermelho e verde, além de três dados (sim, dados!!!) com as cores, sendo a sexta casa uma coroa, o curinga para você escolher a cor que quiser.

Os quinze territórios são dispostos a formar um círculo. Em cada hexágono, coloca-se um cubo de uma cor aleatória (as cinco cores têm de estar representadas com três cubos, mas eles podem ser dispostos de qualquer maneira, não precisam ter a mesma distância entre eles). Cada jogador tem dez torres e elas serão postas em jogo quando jogador for dominar um território. E, para dominá-lo, é preciso ter a maioria do tipo de mercenário, digo, da cor que está no tal território. Termina quando o primeiro conseguir colocar as dez torres em jogo ou quando sobram três grandes territórios (quem tiver menos torres na mão, ou melhor, quem tiver mais torres em jogo, ganha).

No início sorteamos sete vezes as cores. Mas, por round, só podemos usar três cubos. O fator sorte conta, mas, como não usamos todos os cubos de uma só vez, reduz um pouco o fator sorte (não no meu caso que, claro, os dados vão sempre cair numa só cor e a Tânia vai ganhar a maioria de todas as outras). Mas rolar os dados é o meu momento favorito do jogo! Muito emocionante. E olha que pensei que já tivesse aposentado os dados em casa (pronto, taí a deixa que vocês queriam para fazer muitos comentários de duplo, triplo, ai-que-susto sentido:).

Caso o mesmo jogador controle o território do lado, ele deve unir as duas peças, aumentando, assim, as chances de manter os território sob seu domínio.


Tudo pronto, podemos jogar!



Agora, digam-me: esses cubinhos fofos dão pinta de mercenários?

Ah, sim, se você rouba a maioria de um mercenário-cor, passa a ter o controle dos territórios ocupados por aquela cor e, conseqüentemente, poderá tirar as torres inimigas – a Tânia, claro – e colocar uma (ou o equivalente) sua! Emocionante! Quero jogar!!!!

"Se eu caio no brigadeiro é pra me consolaaaar!!!"


Para saber quem vai começar o round – e isso é 60% ou mais da estratégia, cada jogadora (vou assumir e colocar tudo “na feminina” já que o “grupo” francês de jogatina não expandiu muito) coloca abertamente um número de um a cinco. O menor começa e, no round seguinte, vai colocar o número primeiro para ver quem começa o outro round. Ah, esse número é também a quantidade de casas que você poderá andar com o Imperador, o pitoco amarelo, o homem – Carolus – em forma de El Grande). Ele anda no fim do round e você pode ou não construir uma torre.
(ok, esqueci de dar a ordem das jogadas: colocar um número que vai determinar quem joga primeiro e quantas casas o carolus vai andar; colocar três cubos em jogo - e eles também podem ser postos nos territórios, sendo eles seus ou não; mover o carolus e colocar uma torre sua num território neutro; sortear três cores).

Se você parar num território com torre já construída você não pode construir, mas pode tomar o território se tiver a maioria das cores. Portanto, é importante prestar atenção para não cair num território cuja maioria (das cores) é da outra pois é ela quem vai contruir a torre!


Não, Tânia, é pra comer o brigadeiro!



Notem que o brigadeiro está quase acabando.


Jogamos cinco vezes. Estava 3x1 (sugestivo!) para Taninha, mas, na última partida, consegui chegar perto dela.

Cada partida é diferente, mas, não sei se vamos enjoar do jogo. Tenho um certo receio disso. Há tempos não me empolgo com um joguinho tão bom. E ele me lembrou minha primeira vez... uma partida de Citadels, meu primeiro eurogame, apresentado pelo Dimitri.

Agora, fico eu, aqui, imaginando Carolus Magnus com três jogadores ou com quatro, quando vira uma partida de duplas. Deve pegar fogo!


Uma partida dura em média 40 minutos. Vai depender da minha analysis paralysis, claro.

"Hum, esse joguinho semi-caótico... Ah não, isso é pro outro designer Ah, não importa, tá no papo!"

15 comentários:

Chirol disse...

Mas que alegria Bel! Depois de um tempo afastado da net (natal, fim de ano e etc.), volto ao oba, tijolo e logo encontro um post seu! Biodiesel que nada!! Queremos jogo!!

Como sempre, você escreveu lindamente (super bahia isso, não?). Quero muito jogar quando for te visitar (espero que ainda este ano...).


Só uma crítica: por favor, não compare este imperador ao Rei do El Grande! Perto dele o imperador é cafézinho... :)

beijos e muitas saudades!

missbutcher disse...

Nossa, o post nem esquentou aqui e já tem comentário! Que beleza.
Mas, ó, Chirol, não é por nada não, mas o Imperador tá quase lá.

Tânia disse...

Pois é, 3x2, é melhor eu me cuidar.

Só um esclarecimento que acho que não ficou muito claro: em cada round adicionamos 3 cubinhos dentre os 7 que estão na nossa reserva. Podemos colocá-los ou nos territórios ou na nossa própria corte (sim, mas uma comparação com o El Grande). A quantidade de cubos de cada cor que temos na corte nos dá ou não a influência sobre a cor e é asim que conseguimos controlar os cubinhos que estão nos territórios. Mas, como na política, todo mundo pode mudar de partido. Ou seja, se hoje eu tenho influência sobre o rosa, basta a Bel adicionar mais cubinhos rosas na sua corte e lá se foram os meus deputados. Ou seja, durante todo o jogo é preciso controlar a reserva de cubinhos dos outros para se proteger antecipadamente dos vira casaca.

Muito bom o jogo

Tânia disse...

Uma coisa que gostei muito no jogo é a possibilidade real de uma virada espetacular. Quando você conquista um território que estava em controle do adversário você substitui todas as torres que ele tinha pelas suas. Ou seja, pra ganhar o jogo é preciso construir 10 torres. Digamos que vc tenha contruído 6 e seu adversário 9. Voce perderia suas esperanças? Não. Na verdade basta vc conquistar um território em que ele tenha 4 torres e voilà. Vc tirará as 4 dele e colocará as suas 4, ganhando de 5 a 10.

zorg disse...

Eu também sou um grande fã do Carolus Magnus! Acho que até pus uma review e tudo no jogosdetabuleiro, em tempos.

É um area majority em que tudo o que normalmente é fixo, se torna variável. Neste tipo de jogos, normalmente tens uma cor e tentas ganhar o controlo de regiões, metendo lá cubos e depois essas regiões são pontuadas, em alturas pré-determinadas (pense-se no El grande).

No carolus magnus as regiões são variáveis, por causa da fusão, o "dono" de cada cor também é variável (porque eu posso controlar o amarelo agora e deixar de controlar na próxima jogada) e a altura em que se pontuam as regiões também não é fixa (só quando o carolus em pessoa lá aterra).

Eu acho que é um jogo extremamente original e interessante.

Há uma variante interessante, que reduz um pouco a influência da sorte. lanças os dados no início da jogada, em vez de ser no fim (mas só recebes os cubos no final, como normalmente), e depois fazes a tua jogada. Isto permite-te fazer a jogada já com o conhecimento dos cubos que vão entrar no final, o que permite um bocadinho mais de controlo sobre as coisas. Já experimentei e funciona bem.

Agora vai lá para o biodiesel! :-)

soledade disse...

Eu gosto do Carolus Magnus mas, sinceramente, prefiro brigadeiro. :P

missbutcher disse...

Soledade, o brigadeiro daqui não é tão bom como o brigadeiro verde-e-amarelo. Mas o Carolus é ítalo-germânico legítimo, ao contrário do leite condensado (ou lait concentré) e do cacao. Mais ça va aller.

...

Zorg,
tinha lido sobre essa variante no site do designer-semi-caótico-Faidutti. Mas tenho medo de o jogo perder o mojo... Apesar de jogar alguns jogos com o fator sorte, foi com Carolus que descobri que o fator sorte não é tão mal assim. Até porque, é mais ou menos "controlado". Quer dizer, você depende dela, mas dá pra dar um jeitinho.
Enfim, é preciso pensar muito bem a jogada para balancear as coisas. E, comigo, essa história de "ter os cubos da próxima jogada para pensar bem o que vai fazer" simplesmente não cola. Eu não tenho paciência e, desisto de ficar pensando, pensando e jogo tudo pro alto. Quer dizer, como dizemos lá no Brasil, eu jogo o Carolus Arte! :-)

...

Ai meninos, que saudade de vocês. Fico imaginando agente jogando Carolus... aquele clima tenso no início da partida à lá Ticket... aquela ansiosidade à lá Soldner na área pronto para destruir tudo... aquela raiva de El Grande quando alguém pega aquela cartinha safada e todo o mundo tem que tirar uma pecinha (ou mais) do tabuleiro! Tantos sentimentos bons! :-)
Venham logo pra cá!

Hugo Carvalho disse...

Fico feliz por saber que continuam em grande forma. Espero que o Natal e a passagem de ano tenham sido bons para vocês!

Quanto ao Carlos Magnus...bem, era um rei com ideias bastante interessantes e apresentou reformas importantes na educação!

missbutcher disse...

Hugo, não gostas do joguinho? Tão simpático, brain burner...

Bom, infelizmente não poderei levá-lo comigo, mas aguarde visita minha e da Tânia - sim, ela estará aí - no fim de janeiro. Passaremos dois dias e meio em Lisboa (23 a 25) e seguimos para Leiria. Quero ver vocês.

Hugo Carvalho disse...

Claro que sim. Eu mando um mail para combinarmos isso melhor.

Quanto ao jogo, nao achei muita piada. O jogo até tem coisas giras e até originais, mas faz lembrar o El Grande e isso é fatal.
Tenho de experimentar o jogo a pares!

zorg disse...

#bel

O Hugo agora só gosta de jogos onde consiga sentir o cheiro do peixe...
:)

Hugo Carvalho disse...

:)

Não só peixe(kaivai que tenho todo o prazer de vos apresentar qdo chegarem a Lisboa),mas também o carvão (Brass que deverá ser jogado ate á exaustão em Leiria).
Tudo o que não me desperte os sentidos é apagado da minha memória para sempre.
:)

missbutcher disse...

Combinado: vamos jogar numa peixaria! Vou pedir à Tânia máscaras do Pasteur porque eu não sou lá muito fã do cheiro do peixe. Eu sou Butcher, after all!

Tânia disse...

Tenho uma idéia melhor: vamos jogar comendo bacalhau.

Dimitri BR disse...

ayay (suspiro).

rkthfsvngywegqqwedsgg (resmungo).

(...) (silêncio estático).

...agora acho que dá pra começar a falar.

sem tempo pra visitar o oba - quanto mais pra contribuir;

sem tempo/parceiros pra jogar - ok, o Chirol e eu somos fiéis, eventualmente cooptameos algum novato e em recente visita do Manti e do Gab tivemos ao menos uma boa noitada;

com MUiTA, imensa saudade de vocês, Isa-Bel e Tânia.

ALIÁS, ontem, 19/01, foi aniversário da Tânia!

Tânia, fiquei on no skype o tempo todo que estive em casa - que não foi muito - e não te achei..

fora que desde anteontem, quando passei a pé perto da casa de vocês (indo pra do Rogério, ali na David Campista) e tive um impulso irracional de fazer uma visitinha, eu já estou irritadíssimo com essa história de ficarmos longe...

bleh, antes que este comentário mate alguém de tédio ou dó, vou é fazer um POST INTEIRO de reminicências afetivas, em homenagem à data de ontem.

os nobre colgas hão de compreendê-lo.

saudações e um excelente 2008 a todos!