quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Mestrado em jogos? Sim, mestrado em jogos!!!

Aqui vai mais um post com o objetivo de fazer desse blog não só um lugar onde os leitores podem achar sugestões de jogos, mas fazer do Oba um pequeno centro de informações sobre o tema.


Há muito tempo, quando postei as fotos da exposição de Bruno Faidutti, disse que tínhamos descoberto duas informações. A primeira delas, sobre o tal concurso do Stonehenge e a outra eu revelaria mais tarde.
Pois bem, quase ia me esquecendo quando voltei a entrar no site e lembrei da promessa. Aí está.

Bom, é que aqui na França existe um mestrado dedicado a jogos. Isso. Na verdade é um M1 e um M2, o que significa fim da faculdade - como o nosso último ano, quando temos que fazer um projeto final (no caso, M1) e o mestrado em si (M2). Chama-se "Éducation, Ressources Culturelles et Intervention Sociale", spécialité "Science du jeu - Education, Loisir, Jeu". Pois é, nome comprido pra dizer que é um estudo sobre jogos.

Esse é um mestrado profissional, o que significa que a pesquisa dá mais espaço (mas não cede todo) pro aluno bolar um projeto. Pode ser qualquer coisa, desde que tenha a ver com o tema, bien sûr. Assim, um cara que tenha facilidade com programação, pode inventar um videogame. Outro, pode bolar um jogo de tabuleiro, já pessoas como eu poderiam bolar uma revista especializada em jogos ou até mesmo a maluquice de bolar uma exposição sobre jogos. Enfim, use a imaginação. Ah, e um estágio é obrigatório. Ou seja, você pode se oferecer na Ubi Soft, na Descartes, no museu de cartas ou numa revista como a Joystick.

Simpático, não? Claro que já estou de olho nele, pensando em 2009.

Os curiosos podem dar uma olhada na página do mestrado:

http://www.univ-paris13.fr/formationsUP13/form/fiche.php?id=59

9 comentários:

Cacá disse...

Muito bacana, é claro que essas coisas ainda são um sonho pra lá de distantes aqui em terras brasileiras, até mesmo como curso de extensão, mas quem sabe num futuro próximo, afinal alguns passos já foram dados...

missbutcher disse...

Cacá, acho que o problema brasileiro é que os jogos não são valorizados. Tem o problema do custo, da pirataria - para os videogames - e o público consumidor é ainda pequeno. Aqui na Europa jogo é muito consumido e os próprios fazem os seus. Ubisoft é francesa, Vivendi também. Aliás, videogame aqui é cultura. Uma indústria cultural que cresce - a única, por sinal - e vai muito bem, obrigada. Hoje em dia, a discussão aqui é se videogame é ou não arte, para você ter uma idéia. Aí no brasil a discussão está ainda na pirataria.
Por aqui, há sempre uma loja de videogame - e o que é melhor, eles vendem jogos usados, coisa que brasileiro não está nada habituado. Enfim, é preciso valorizar o setor, desenvolver o mercado aos poucos.

Sei que a PUC do Rio tem um laboratório voltado para o desenvolvimento de jogos, o que já é um começo. São Paulo certamente tem algo do gênero também.
http://www.icad.puc-rio.br/

E agora, também no Rio, a Oi, a partir do Oi Futuro (um centro de arte e cultura em geral), montou junto com o Governo Estadual uma escola de ensino médio voltado para tecnologia. Não necessariamente voltado para a confecção de jogos, claro, mas essa molecada não vai deixar barato. chama-se nave - núcleo avançado em educação. A proposta é mais abrangente - ou seja, treinar esses jovens para trabalhar na televisão, internet, companhias de celulares e, claro, em desenvolvimento de jogos eletrônicos.
http://www.onave.org.br/

Muito lentamente, vamos caminhando, mas vamos em direção ao bit e não ao tabuleiro...

soledade disse...

Mas será tudo uma questão de ciclos, digo eu. Talvez o direccionamento para o bit faça sentido, numa primeira abordagem ou desenvolvimento (o século do silício terminou ontem né?!). Depois disso virão as outras coisas que já existiram e que, depois do exagero, reaparecerão. Uma espécie de disco sound depois do hip hop ou dos jeans depois do fato e gravata!

Começar com um produto vídeo é melhor que não começar. O tabuleiro chegará mais rápido que se sonha. É a minha aposta.

Só uma nota: em Portugal (Bel, o Paulo Inácio não sei se te lembras dele) desenvolveu (com uma equipa) um transistor em papel. O primeiro do mundo. Ou seja, o silício dará lugar ao papel mais cedo que o que se espera. também o vídeo dará lugar ao papel. Bem mais cedo que aquilo que esperamos :)

Bel, tu inventas tudo o possível para te ligares aos jogos! Bendito mestrado! :)

Beijo
PS

missbutcher disse...

Pois é.
Eu faço aqui um mestrado no departamento de comunicação e cultura. Seria sobre arte digital e o museu, essa relação conturbada entre uma instituição secular-cubro-branco-de-poucos-amigos e uma arte (pseudo)nova, que torna visível os bits e tudo mais no seu entorno.
Mas estava infeliz. Agora mudei um cadinho. Sai museu entra videogame. Aqui na França o debate avança. Videogame é cultura. É uma indústria cultural. Mas ainda falta o status de arte. E é sobre isso que quero discutir no meu mestrado. Chega de sofrer. Quero ler mais sobre coisas mais interessantes. Videogame é comunicação. A comunicação do presente. A convergência de todas as artes: cinema, artes plásticas, design, arquitetura, enfim, é um assunto rico. Aí, quando terminar esse faço o outro. E salve-(me)se-quem-puder. Volto pro Brasil mais feliz, mas sem a menor noção de onde isso vai me levar.

Bom, no máximo vai me fazer jogar mais. :-)

Só não contem isso à minha orientadora. Prefiro avisar aos poucos, ok?

Chirol disse...

Serás uma geek acadêmica!! :)

saudades de ti menina!

Dimitri BR disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Dimitri BR disse...

merci por mais esta notícia, Bel!

acho muito interessante também o ponto levantado pelo soledade (sobre os "modismos cíclicos").

e acrescento: independente da tendência de cada época, tenho a crença pessoal de que começar com o analógico e com o que houver de mais básico é quase sempre a melhor opção.

basta ver que quem tem a melhor formação básica, quem teve a oportunidade de desenvolver pensamento lógico, compreensão lingüística, raciocínio matemático, etc., consegue mais facilmente se adpatar a quaisquer que sejam os suportes tecnológicos em voga.

digo isso por pensar que os desenvolvedores de jogos digitais só teriam a se beneficar do estudo dos jogos de tabuleiros. e mais: que a negligência da estrutura do jogo é claramente a razão para a existência de tantos jogos digitais ruins.

sem me estender agora nessa digressão, anoto também o fato de que eu, chirol, wilson e hofty temos passado horas jogando a versão analógica de um jogo surgido digital... :]

abraços paratodos!

missbutcher disse...

Jogo, meu caro Dimitri, que talvez mereça um post, já que nossos blogs, daí ou daqui, falam dos ameritrashs da vida.
Volontié.

missbutcher disse...

digo... já que nossos blogs, daí ou daqui, NÃO falam dos ameritrashs da vida.