quinta-feira, 4 de março de 2010

l'apprentissage - ou a catequese


Nosso grupo de jogadores está cada vez mais sólido e ávido por novidades. E, o interessante é que, enquanto no Brasil os meninos encontraram jogadores, nós, aqui, encontramos (mais) jogadoras. Quer dizer, basicamente são dois casais, mas as mulheres parecem bem mais interessadas nos jogos. Hum, se bem que um dos homens comprou um desses daqui, ó. Pois é. Ou seja, teremos que encará-lo um dia, afinal, não pega bem estimularmos compras e depois não jogar o que os outros têm em casa, não é mesmo?

Enfim, nós começamos as soirées aqui muito lentamente (e ainda estamos beeem lentas). Os estudos são os maiores culpados. Mas agora, último ano, vou acionar o "botãozinho mágico" e vamos jogar mais. Só que, jogar mais, vai significar encarar novos jogos. Para eles, principalemente, mas pra gente também. Não queremos impor nada, claro, mas em especial não queremos impor nada muito cabeçudo e que possa assustar a clientela -, vamos doucementpara que todos saiam contentes.

Assim, ao longo desses anos, eles já conheceram 6 qui prend!, Saboteur, Alhambra, Pandemie, Citadels, Novembre Rouge, Formula D, Petit Meurtre & Faits Divers, e, se não me engano, Land Unter, Ghost Stories, (esse último, na ludoteca). Entre outros.

Como podem ver, a catequese se faz com jogos leves, alguns "farofas" até, conviviais e para vários jogadores. Mas leve não significa que alguns deles não tenham momentos de analysis paralysis.

Teve uma vez que perdemos a mão. Quer dizer, no final acabou dando certo. Foi quando fomos visitar Ângela, nossa querida amiga do Porto, inexperiente, que morava na Cité Universitaire. Ela encarou um Ruse & Bruise versão em alemão, logo de cara! A sorte é que ela pegou relativamente rápido os poderes das cartas (e nós tínhamos um papel que explicava em inglês e em português os tais poderes). Mas o que fez toda a diferença foi a paciência (e a vontade) para aprender tudo aquilo de uma vez.

Às compras
Infelizmente, Ângela voltou à terrinha. Mas não resistiu e levou um joguinho. Pediu um conselho, pois queria algo temático, que a lembrasse do tempo vivido em Paris. Assim, sem pestanejar, aconselhamos o Guillotine. E Ângela saiu de Paris com um exemplar do excelente jogo de Paul Peterson! Fora o Coloretto (se não me engano) para a sobrinha. Tá vendo? Deu certo! Mais uma que se interessou pelos euro-games.

Nesse mesmo dia que fomos com Ângela comprar algo para ela, também levamos o Ítalo para a Variantes. O mineirinho conheceu os euro-games conosco, durante algumas soirées aqui em casa. Gostou da coisa e resolveu que ia comprar um. Ítalo era um caso à parte. Gostou de cara dos jogos e pegou a manha super fácil. Tornou-se imediatamente um forte concorrente para a Tânia.

Mas Ítalo ama o universo dos RPG. Então, na hora da compra, levamos isso em consideração. Só que precisávamos saber quais eram as "condições de uso" do jogo, ou seja: com quem ele iria jogar. Tentamos explicar isso pra ele, tentando evitar que ele comprasse algo como World of Warcraft porque não ia dar certo.


Começamos, então, a procurar o pouco que conhecemos de jogos que misturam bons mecanismos e o tema medieval. Mas aqui vem outro problema: aqui, não há tantas opções de jogos no estilo RPG sem ser um RPG de verdade ou sem durar mais de três horas. Fora que nós não conhecíamos muitas opções e não queríamos aconselhar às cegas. Conhecemos o ótimo Cave Troll e o Drakon, mas estão esgotados e não são nada fáceis de serem achados. Assim, depois de analisarmos o "público alvo", ou seja, com quem ele ia jogar, decidimos expandir e sair do universo medieval. Vimos que o ideal, para aquele caso - namorada inexperiente, amigos não muito ligados a jogos, nós, etc - era que ele levasse um jogo clássico, algo que pudesse agradar a gregos e troianos. Aconselhamos Ticket to Ride, Märklin Edition, porque esse não tem erro.


Voar, voar, subir, subir
Mas agora queremos voar mais alto. Atingir níveis profiças, avançados, com nossos nem tão novatos assim. Queremos que eles tenham experiências com os jogos cabeçudos! Sim, já está mais do que na hora. É preciso ousar. E eu, que sou um ser ansioso (já disse isso aqui? Acho que um milhão de vezes, mas não custa repetir), quero apresentar minha seleção de sugestões para o próximo 6 de março, dia de ir à ludoteca.

Tudo indica que seremos cinco. E cinco é um bom número. Ok é um número razoável. O ideal seria 4. Mas quanto mais gente, melhor.

A idéia é mostrar a essa gente alguns tipos diferentes de casse-tête. Mas sem fazer ninguém pensar que a ludoteca é um lugar de tortura!

Assim, escolhi os seguintes:


El Grande - sempre! Um dos meus favoritos. Um dos jogos que mais sinto falta. Clássico nas rodas cariocas (pertence a coleção do Chirol), ele não quebra a cabeça, mas é um "jogo de primeira necessidade". Considero El Grande um rito de passagem, no qual o jogador, virgem e inexperiente, descobre que precisa sacanear o outro para vencer. Tudo, lóogico, respeitando as regras e as boas maneiras. No caso dos jogadores daqui da França, ainda inexperientes, esse será o rito de passagem mais importante para que eles se tornem verdadeiros jogadores. É que eles ainda são ingênuos e demoraram para notar que alguns jogos pedem e ficam muito mais divertidos quando há interação entre os jogadores. Mas eles ainda são puros e precisam descobrir que o mundo é cruel. E não há melhor jogo para esse aprendizado.



Himalaya - também não é nenhum jogo cabeçudo, mas é muito tenso. Outro jogo da coleção Chirol que muito, muito me agrada. Uma pitada de caos aqui, jogada simultânea ali, Himalaya é um grande jogo que pode fazer muito sucesso entre os amigos. Conto com ele para conquistar de vez aqueles que ainda estão em dúvida quanto aos jogos de tabuleiro. Mas teremos que jogar com a expansão e não sei se ela funciona bem com cinco.






Caylus - bom, tenho certeza de que eles estão prontos. Para quem não sabe, Caylus foi o meu divisor de águas. Sabe, de vez em quando, gosto de um jogo cabeçudo, desses que faz a gente queimar neurônios. Não sei se jogo bem, mas gosto muito disso. De vez em quando!, que fique bem claro. O sucesso da Ystari é um dos meus favoritos nesse estilo. Ainda não encontrei um jogo que seja tão intrigante e que tenha esse nível de tensão tão alto. Acho que pode agradar. De qualquer forma, eles precisam encarar um jogo diferente, estimulante. Vamos ver no que dá. A questão é que, com cinco, não sairemos nunca da ludoteca. Caylus fica beeem lento com muitos jogadores.

Não sei se os três poderão ser apresentados na mesma noite. Caylus pela primeira vez pode levar horas e horas; no Himalaya podemos encarar algumas analysis paralysis, assim como no El Grande. Mas esse trio é maravilhoso. Dá vontade de comprar El Grande e o Himalaya só para tê-los na minha coleção de jogos.

Outra vantagem de apresentar esses jogos é que conhecemos as regras. Assim, não perderemos tempo lendo e explicando.

Mas se vocês tivessem uma ludoteca incrível, com quase todos os jogos disponíveis, o que vocês sugeririam aos nem tão novatos jogadores, sedentos por novas diversões?


Fotos extraídas do site www.boardgamegeek.com
foto Cave Troll: Achilles Chirol

8 comentários:

Chirol disse...

Belo post menina! Bem escrito e sincero! :)
A iniciação é tudo! Um jogo errado e o que era para ser uma agradável noite de jogos pode se tornar uma experiência aterrorizante e sem possibilidade de continuidade...

Concordo em gênero, número e grau contigo sobre o El Grande e Himalaya. Admito que o Caylus é um jogo muito bem feito, mas não sou grande fã. Prefiro o Magna Carta.

Só uma coisa a mais para completar: Fui eu que tirei a foto que vocês puseram do Cave Troll! :)

beijos!

missbutcher disse...

Hahahah, nossa, que coisa. Sorry, não vi o autor da foto, quando catei lá no bgg.

Mas, e aí? Você trocaria o Caylus pelo magna carta?

Tânia disse...

Eu não trocaria de maneira nenhuma!!!! Abaixo o Magna Carta. Viva o Caylus original!!! (ou mesmo em versão pobre. Eu não fiquei traumatizada)

Anônimo disse...

Bom, quando passar de um gateway para um endway? :-)

É difícil bel, mas considerando o que você escreveu eu ainda não passaria para um caylus da vida ou para algum dos jogos do Wallace ou da santa trinca do Rosenberg (impressionante, depois de Bohnanza com seus feijões o kra virou gente grande).

No lugar do Caylus sou muito mais um Le Havre, um Brass ou um Agrícola.

Acho que dos citados o El Grande é a melhor pedida. Mas eu ainda ficaria em algo mais intermediário, considerando o que seus neófitos jogaram.

Tentaria por exemplo o Stone Age que tem uma série de mecanismos usados em jogos mais pesados, sem ter o mesmo adensamento. Algum outro jogo da Ystari, qualquer um deles.

O que tem feito sucesso aqui nos últimos tempos (que jogo ou vejo outros jogando):

Chicago Express
Rise of Empires
Tobago
Endeavor
Ra Dice Game (eleito o melhor filler dos últimos tempos)
Le Havre
Chaos in the Old World
King of Siam (em duplas)

depois me alongo mais.

abs

Stein

Cacá disse...

Grande post...

Realmente tem jogos obrigatórios como você bem chamou "ritos de passagem"....

O El Grande ainda é para mim o melhor entre todos, acho um jogo classudo, divertido, inteligente e sacana... TOP dos tops...

A lista do Stein tá boa, o Rise of Empires, Endeavor, Le Havre e o Chaos eu assino embaixo... Tobago eu joguei uma partidinha, mas achei bem bacana... O Chicago eu não consigo gostar.... =P

Quanto ao Starcraft, não é das experiências mais traumáticas... só não deixem eles comprarem o World of Warcraft... :D

abrax...

missbutcher disse...

Nossa, que maravilha. Conseguimos comntários de Manti, Stein!!!, que há muito tempo estavam sumidos, assim como Edu (no post sobre a nossa volta) e Cacá! Falta agora Dimi e milagres como o Alfredo. Nem falo dos outros membros do oba, porque tem gente que nem nunca fez um post (sim, provoco mesmo que é pra ver se tem alguma reação).

Bom, vamos por partes.

Stein, acho que algumas das suas sugestões me parecem bem interessantes. Mas confesso que não conheço quase nada...

Temos o Le Havre, mas ele não me pareceu incrível. gostei, mas não faz parte do meu top 10 (ele é o 7º no ranking do bgg). Bom, éramos duas, então não sei se faz muita diferença com mais gente. E, apesar de compararem com o Caylus, ele tem mais pinta de Puerto, para mim.

Estou de olho no Endeavor, mas acho que não teremos tempo de ler regras e aplicá-las. Infelizmente. E nem sei se a ludoteca já comprou esse...

Vou ficar de olho nos outros, em especial o Tobago.

Anônimo disse...

Magna Carta não chega aos pés do Caylus original, meu jogo favorito, só quem em 5 jogadores é inviável, o ideal é em 2 ou 3.

Ticket to Ride eu prefiro o USA ou o Europe, esse último é mais "bonzinho".

Pô Stein, Caylus é infinitamente melhor do que Agricola e Le Havre, e Endeavor é "sem sal". rsrs

El Grande, Tobago e Chicago Express são bem legais.

abraço,
Edu

PS. Bela postagem :DD

missbutcher disse...

Edu! Estou contigo e não abro, mesmo sem conhecer endeavor e agricola! heheheh.Caylus é incrível e mudou minha relação com os jogos - em especial os cabeçudos.

Também concordo sobre o Magna Carta. é bem verdade que a gente jogou uma vez e, up (interjeição francesa), foi-se para o Brasil.

E merci a todos pelos comprimentos.