segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Minha impressão sobre o Antiquity

Embora nossos colegas d'além mar possam achar este jogo sensacional, eu não o jogaria novamente. Talvez num computador, mas jamais numa mesa com amigos ou conhecidos. Todavia, se alguém tiver a oportunidade deve jogá-lo para formar a própria opinião, pois o jogo é bom.

O Antiquity não foi para mim um jogo de tabuleiromultiplayer divertido. Trata-se de um jogo sem sorte nenhuma, na qual se exige do jogador basicamente umaboa capacidade de planejamento e processamento.Não há o imponderável, a maior parte dos ações de um jogador não interfere na do outro e há aquelainfinidade de mini-counters. Para o bem da brincadeira eles bem que podiam ter feito alguma miniatura, masnão, tudo é pragmático e minimalista.

É um perfeito jogo de adultos com A maiúsculo:inteligente, seco e pragmático. Fora que o tema não ajuda muito para descontrair: polua o mundo, maximizeseus recursos ou sua gente morre. É próximo demais da realidade. Prefiro tanques explodindo, ou naves espaciais atirando, elfos sanguinários ou mesmo plantações irrigadas e envio de produtos para ametrópole.

Stein

10 comentários:

Chirol disse...

Infelizmente não conheço o jogo, então fica difícil opinar...
Mas caro Stein, você está com planos de vir ao Rio? E os outros paulistas?

abraços

Stein disse...

Pretendo ir ao Rio num futuro próximo, talvez dia 23 ou 24, daí passo um tempo com vcs.

abs

Stein

soledade disse...

Stein

Acho que tens um bocado de razão. Há aquela diferença entre achar um jogo bom e quere-lo jogar muito. Tipo o Die Macher. Neste caso é o tempo que atrapalha porque toda a gente que eu conheço acha o jogo sensacional. O problema é que não é o tipo de jogo que eu digo sempre - "bora lá?"

O Antiquity também é isso. E nesse caso não é o tempo (só) que incomoda. É o tema, e o trabalho que dá jogá-lo. Este sim parece um emprego.

Portanto, para mim, o Antiquity é 8 pelo jogo e 6 pela vontade de jogar. Se calhar isto não faz muito sentido mas, enfim, eu assumo isso. :)

Stein disse...

Entendo perfeitamente o ponto Soledade. É algo semelhante aos filmes iranianos: tem boas interpretações, são bens feitos, tem idéias ótimas, mas não é o tipo de filme que voltaria feliz para o cinema e ainda levando meus amigos...

Ou seja, vc pode reconhecer a qualidade de algo sem necessariamente gostar daquilo.

abs

Stein

zorg disse...

Eu gosto muito do antiquity e até fiz uma review que anda para lá pelo blog.

Acho que as regras do jogo estão extremamente bem pensadas e fiéis ao tema. Acho lindo, por exemplo, para poder começar uma quinta, precisar de uma semente e de terreno adequado, ou a forma como a poluição vai inutilizando todos os espaços bons para produzir. E, devido à dificuldade que o próprio jogo coloca aos jogadores, o mero sobreviver num jogo de antiquity já é uma experiência extremamente gratificante.

Em relação às queixas de falta de interacção, elas são válidas na fase inicial do jogo, onde, de facto, o que fazes é relativamente indiferente aos outros jogadores. Mas a partir de sensivelmente metade do jogo, isto deixa de ser assim. Com o crescimento inevitável da poluição, a competição pelos melhores locais torna-se intensa e a interacção pode ser brutal. Uma das condições de fim de jogo disponíveis (já não me lembro qual é o santo que dá isso) até é ter toda a infraestrutura de um adversario na tua ZOC... escolher esta condição é o mesmo que saltar ao pescoço do adversário com uma faca nos dentes! :)

O que eu não gosto no jogo são, sem dúvida os componentes pequeninos e que exigem manipulação quase constante. Mas este também é um jogo para se jogar sem pressas, com calma e ponderação, por isso esse factor acaba por não me incomodar muito. Adoro o antiquity porque gosto da economia complexa que se vai construindo a partir de coisas muito simples ; porque gosto do planeamento e ponderação que é exigido aos jogadores ; porque me impressiona o número de alternativas diferentes que, a cada jogada, se apresentam ao jogador ; porque sou masoquista e gosto da tensão que existe do início ao fim do jogo, causada pela fome (não esquecer que sobe todas as jogadas) e pela poluição e que, às vezes, pode fazer com que todos os jogadores sejam derrotados pelo jogo.

Dimitri BR disse...

é por isso que eu gosto tanto deste blog:

desta brainstorm de comentários dos nobres colegas pude inferir muito sobre o jogo, tanto no aspecto "concreto" - de que trata, como opera o sistema de jogo - quanto o feeling do mesmo, em diferentes versões.

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o sentimento geral (em especial a defesa feita pelo Zorg) me deixaram com vontade de experimentar uma vez que seja. agradam-me o tema, o gerenciamento econômico, o desenvolvimento.

é pena que, quando em São Paulo, relute sempre em comprometer horas seguidas numa partida longa...

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...e ainda cunham-se por aqui pensamentos como este "Antiquity é como um filme iraniano". hahaha!

Stein disse...

Dimi,

Como disse no post, o Antiquity deve ser jogado ao menos uma vez por todo gamer, pois é um jogo muito bom. Seria heresia negar suas qualidades.

Mas como gosto é gosto, e crítica é crítica...Basta ter a isenção necessária para não confundir os dois, o que não é fácil.

abs

Stein

zorg disse...

Ao reler aqui o post do Stein, percebi que me tinha esquecido de uma coisa: a forma como o aspecto do jogo reflecte o tema de uma forma quase sádica, também não pode deixar de ser referido.

O que quero eu dizer com isto?

À medida que o jogo prossegue, a paisagem vai ficando coberta de caveiras. Para além disso, quando o jogador não tem capacidade para alimentar a sua população, ela morre e essa facto é representado através da colocação de pedras tumulares nas suas cidades. O pormenor tétrico é que cada pedra tumular tem um nome - do morto - diferente.

Eu acho negro e delicioso, nas percebo perfeitamente que haja quem não ache muita piada. Se bem percebi o post do Stein, ele não partilha o meu entusiasmo por estes pormenores. :)

Stein disse...

Vc sabe que eu nem tinha notado esse pormenor em específico? E olha que transformei uma cidade inteira quase que num cemitério.

Questão mesmo de gosto para passar o tempo. Não acho incorreto ou absurdo, apenas não compartilho do prazer em se jogar o Antiquity. Não há nenhuma caracaterística que eu possa generalizar do jogo e dizer que isso eu não gosto em nenhum outro.

O Antiquity foi um destes casos quase que inexplicáveis de amor não correspondido, algo com uma mulher linda, inteligente e simpática mas que por algum motivo obscuro não desperta a paixão do candidato a seu parceiro.

Para alguns jogos rola um lance de pele, de química, sei lá.

abs

Stein, contribuindo para os anais (memória) do Oba!

soledade disse...

Gostei dessa da química com os jogos. Vai mesmo ficar nos anais do blog e eu vou usar isso, daqui para a frente, despudoradamente. :)

O Antiquity faz-me lembrar aquela passagem do ministo da cultura que fala na sereia... "alguns a desejar seus beijos de deusa outros a desejar sem rabo prá ceia".
Tirando a necessidade, o ponto de vista é que conta.