terça-feira, 27 de novembro de 2007

Essen 2 - o texto


Voilà!


Eu sei, eu sei. Já tem muito tempo que Essen passou, mas continua sendo o assunto deste blog. Portanto, antes tarde do que nunca. Até porque, a feira merece. Chegamos na Alemanha por Dusseldorf, com o seu aeroporto estranho e uma estação de trem feita a base de vidro e metal, dando um clima impessoal e frio (convenhamos que não precisa de mais frieza, os termômetros já marcavam uma temperatura bem baixa). Foi o tempo de entender como compraríamos o bilhete do trem em direção a Essen. Ao chegarmos, ufa, o Ibis, ótima rede de supermercado do grupo Accord (francesa, bien sûre), era a menos de 200 metros da estação. Bem instaladas (nossa, como valeu desembolsar um pouco a mais do que costumamos pagar por um quarto só pra nós e os jogos), partimos para o Riocentro de Essen (só que com metrô!).

Antes de ir, já tinha ouvido falar de uma estratégia para aproveitar bem: “quinta e sexta dedique-se aos jogos antigos que ficam nos sebos. Os preços são bons, mas os jogos vão embora. Já no domingo, o último dia, aproveite para comprar os lançamentos, que caem de preço”. Bom, nem sempre dá para explorar táticas na feira. Em primeiro lugar porque chegamos na sexta depois do almoço, ou seja, o tempo era curto. E depois porque, quando você chega naquele prédio lotado de jogos por todos os lados, com milhares de pessoas, você leva um susto (aiquesusto total).
Eram cerca de dez pavilhões espalhados em 441.000 metros quadrados, cheios de estandes de jogos novos, editoras, sebos, mesas para jogar e conhecer as novidades… Tinha até uns RPGs e videogames. Mas eram os outsiders, as minorias que estavam ali para constar. “Honestamente, não quero ter mais de dois estandes voltados para os videogames. Quero eles longe da feira”, disse a responsável pelo evento Dominique Metzler, da Comic Action, em entrevista exclusiva para o Oba, Tijolo!. Lembrando, a "Essen" aconteceu entre 18 e 21 de outubro e foi a sexta edição de um sucesso extraordinário da Action Comics, empresa responsável por tuda a produção. Durante quatro dias 148 mil pessoas passaram pelo pavilhão de Essen, a oeste da Alemanha: crianças, jovens, adultos, idosos foram lá com um propósito: conhecer os últimos lançamentos de jogos e comprar, comprar! “Procurando sites que falassem sobre a feira, descobri que um grupo com cerca de 150 coreanos que fez um pacote com avião, hotel e ingressos só para vir a Essen”, conta Dominique, uma simpática mulher nos seus 40 e tantos anos que herdou do pai a tarefa de produzir a feira.

A galera nerd que vai de cosplay à feira... Sim, porque, perto deles, a gente é supernormal


Alguns números

Nesse ano foram 758 exibidores, de 30 nacionalidades e cerca de 500 novidades em jogos. Uma coisa de louco. E nem foi o ano que mais circulou gente. Ano passado foram 151.000 visitantes. Mas, apesar de ser de quinta a domingo, não dá tempo de ver tudo e pesquisar todos os estandes. Infelizmente. Marinheiras de primeira viagem, não conseguimos achar onde estava para vender o The Red Dragon Inn, por exemplo. Um joguinho que estava bastante curiosa para ver e testar.

Tem o povo que não resiste e quer jogar logo o que comprou. Esse abriu no foyer de entrada mesmo.


Em compensação, apesar do “tempo curto”, deu para testarmos jogos como army of frogs - com direito a Tânia ganhar do John Yanni e tudo!!!! -, jenseits von theben, amyitis, cuba, bandu, eketorp, futebol de imã, shear panic, entre outros. Compramos ao todo – para nós – dezoito jogos e, acreditem, ainda não abrimos seis (reef encounter, carolus magnus, yoyo, säulen von venedig, amyitis e ys). Estão abertos, mas ainda não jogamos o san juan, e o kontor. Mas já nos deliciamos com excelentes partidas com três ou duas jogadoras de blue moon city, army of frogs, downfall of pompeii, turn the tide, shear panic, tikal, mississippi queen, jenseits von theben, elfenland e cartagena. Como vocês podem ver, aproveitamos muito Essen para comprar joguinhos dos anos anteriores. Talvez porque era irresistível ver um elfenland a 12, um tikal a 14 e um kontor a 8 euros…Talvez porque os jogos novos ainda estavam um pouco salgados para os nossos bolsos (alguns a 35, 40 euros). Ok, eu sei que isso é barato perto do que está nas lojas e se comprados aí no Brasil. O fato é que saímos de Essen com um gostinho (inho?) de quero mais. Até pensei que fosse me estressar com a quantidade absurda de gente e o empurra-empurra, mas não. Deu para agüentar e todos convieram harmoniosamente. :-)

Eita joguinho bom... pena que é caro e pesadinho...



Algumas constatações

Em Essen descobri que Beatles, Rolling Stones, Janis Joplin, Roberto Carlos não morrem jamais. Os clássicos são sempre (muito) procurados e vai sempre
haver espaço para carcassone, settlers of catan e até mesmo para os Michael Jackson, ou seja, aqueles que a gente supunha mortos, mas estão vivinhos como banco imobiliário (monopoly), war (risk) e até mesmo combate (stratego), que ganhou versão 3D bem curiosa. Muitos, mas muitos compravam as expansões de carcassone e catan nos sebos e tinha até mesmo malucos para comprar os diferentes monopolys que existe no mundo. Incrível, não? Essen serve para todos os gostos.


Histórias da dupla em Essen
Ah, sim, preciso contar a historinha do army of frogs, para quem ainda não ouviu: Estávamos passando por um cantinho, em direção aos sebos, quando nos deparamos com o estande do army of frogs. Sentado, um moço explicava a um senhor como se jogava a novidade. Paramos para ouvir e o moço de sotaque britânico perguntou se nós gostaríamos de jogar também. A gente, claro, aceitou. Jogo vai, jogo vem, um rapaz apareceu do nada e disse: “é você a quem eu tenho que agradecer pela existência de hive?”, indagou o rapaz para o sujeito que nos explicou o jogo (o de sotaque british). E eis que o moço afirmou com a cabeça, um pouco constrangido, mas com um sorriso nos lábios. Eu olhei pra Tânia, Tânia olhou pra mim e… putz, jogávamos com o autor e nem nos demos conta… Tânia sacou a máquina fotográfica e registrou momentos meus de analisys paralisys (Tânia é fofa, né?) ao lado do autor e fez o favor de ganhar dele (aê!).

Taí minha cara patética: "dã, esse pula pra onde???"



A minha melhor cara durante o jogo...


O mais perto do mosquito que conseguimos ficar... Eles só levaram um exemplar para dar água na boca dos hivemaníacos.

...

Bom, nossos amigos d’aqui mar, do SpielPortugal, tiveram acesso exclusivo à nossa wishlistinha, que nada mais era do que quase a minha wishlist inteira, com mais alguns joguinhos, só-para-termos-opções… Algo em torno de dez páginas, formatado em duas colunas. Enorrrrme. Enfim… um dos jogos que lá estava era a novidade Macht und Ohnmacht, do Andreas Steding. Um joguinho para duas pessoas que poderia ser útil para os dias de inverno parisiense. O próprio nos explicou e nos convidou para uma partida. Era para dois jogadores. Explicando muito mais ou menos, o jogo tem “duas fases”: uma de guerreiros e outra de magos. É ruim… É ruim… Não sei o que a turma do “não-há-jogos-ruins-no-mundo” diria sobre esse. Podemos esperar um comentário de uma das fundadores do Polyanna Games, Tânia Zaverucha do Valle. Mas, resumindo, e infelizmente, o joguinho era fraco, confuso e não gostamos de cara (quer dizer, eu não gostei. Não sei qual adjetivo-justificativa a Tânia vai dar, mas eu não gostei). A ponto de nós duas fugirmos do cara (o autor), no momento em que ele saiu da mesa para explicar o jogo para as pessoas que paravam no stand A gente aproveitou e levantou. Ele nos viu e a gente explicou, namaiorcaradepau!, que só queria conhecer o jogo, que aqueles rounds já deram pra gente ter uma noção do jogo. Beleza, obrigada, bye, bye… Ufa! Escapamos. Rolou culpa depois, mas o alívio foi maior.

...


Hum, tá me dando um sono... acho que vou ficar por aqui mesmo...


Enquanto eu trabalhava duramente, fazendo a entrevista com a responsável pela feira, Tânia caía em outra cilada. Ela foi jogar cuba com dois franceses e dois croatas (ou sérvios, válásabereu), e ela. Jogo vai, jogo vem, ela não estava lá muito animada com a partida. E, no meio, até teve um sorteio que a Tânia e um dos croatas tiveram que sair. Taninha ficou na esperança de que os outros desistissem na partida, mas não. Teve que ir até o fim, com direito a participação especial de uma abelha…


Puuutz, agora tem que juntar todos os jogos e levar pra casa!



O último metrô: a volta pro hotel.

19 comentários:

Dimitri BR disse...

agora sim!

Isabel faz valer sua autoridade de jornalista e nos oferece talvez o melhor reltao de Essen que já vi.

um equívoco comum do especialista, ao fazer uma resenha, é presumir um conhecimento dos fatos por parte do leitor; a Bel, embora aqui escrevendo mezzo jornalista, mezzo à paisana, não cai nessa, e nos dá um texto informativo e nada hermético.

merci, Bel!

pelo texto e - nem devia comentar, ia fazer um post só pra isso, mas você já introduziu o assunto - por minha cópia autografada do army of frogs! hahahaa, meninas, desta vez vocês se superaram! ;]

beijos.

Stein disse...

Realmente, o texto está muito gostoso de ler. Divertido, inteligente, fluído...Foi a manifestação de um dom e não apenas um texto.

Repito: PReciso ir a Essen um dia. Narrativas como a sua apenas reforçam essa convicção.

abs

Stein

Costa disse...

Eu vi a "listinha", ainda hoje tenho pesadelos a pensar naqueles 4 Quiilómetros de papel cheios de jogos :)

Boa! Bem escrito!
Beijinhos,
costa

soledade disse...

Eu fui um dos tótós que compraram o jogo do Steding. Sabes Bel, o jogo nem é assim tão mau! cof, cof cof.
É assim, tens de perceber que a altbier de Düsseldorf faz um tipo (cara) perder o discernimento.

Agora o mais importante:
Ui! Acho que pró ano não tenho coragem de fazer nenhum relato no spielportugal sobre Essen. Acho que vou ficar meio envergonhado depois desta ensaboadela (é assim que se diz por aqui). Belíssimo texto [soledade tira o chapéu escocês inspirado em Andreas Steding]

bjos
Paulo

missbutcher disse...

Bom, meu caro Soledade, eu "dourei a pílula", como dizemos por aqui (quer dizer, nem tanto, o relato é fiel). Pra falar a verdade, o pouco que jogamos (meio sem saber 100% das regras porque eles explicam enquanto você joga...) não dá para dizer que o jogo é ruim ou bom.
Ah, aas favas!, eu posso fazer isso, sim :-)

missbutcher disse...

Gente, obrigada pelos simpáticos comentários! Se vocês quiserem me enviar como correspondente internacional do Oba, Tijolo! (e do SpielPortugal pourquoi pas) para outras feiras (de jogos, bien sure), aceito.

Tânia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tânia disse...

Gente, eu não vou deixar a SPJ (era essa a sigla) de lado. Nós só jogamos uns 2 rounds do jogo e, como disse a Bel, sem saber todas todas as regras. O jogo pareceu, a primeira vista, bem chato, mas quem sabe merece uma segunda chance, tadinho. Ela não falou mas também testamos o Mr Jack e resolvemos não comprar. Na verdade nossa partida de estréia não funcionou muito bem e ficamos com o pé atrás com o jogo, mas na verdade acho que o Mr Jack tem potencial sim. Só que ele tava muito caro pra um jogo que não gostamos tanto.

Tânia disse...

Pequena correção. Nós não encontramos o Army of Frogs enquanto passávamos por acaso em direção aos sebos. Eu estava ativamente procurando o stand do Army of Frogs, já que tínhamos o número dele e ordens expressas de passar por lá. E essa descupinha da Bel de que não conseguiu postar as fotos foi só pra não mostrar a foto dela com cara de analysis paralysis.

missbutcher disse...

É verdade, esqueci de escrever sobre o Mr. Jack. Mas acredito que o teste com joguinho semi-caótico do Faidutti tenha sido diferente. Em primeiro lugar a pessoa nos explicou bem as regras (cara, o próprio dono do jogo não explicar bem já é um indício!). Em segundo lugar, a gente (eu sourtout) estava numa pilha absurda pra comprar. O problema é que a primeira partida foi meio assim... sem graça. Mas vá lá. Ele tem potencial. Até porque muita gente gosta do jogo e isso é alguma coisa, certo? E eu adoro o Faidutti e seus jogos de cartas semi-caóticos. :-)

Mas o que a Tânia não disse é que ela também quis sair desesperadamente (vocês precisavam ver os olhinhos brilhando e o sorriso orelha a orelha quando a gente se levantou.

Chirol disse...

Como diria um amigo, a Bel é uma GÊNIA!!

Muito bom o post Bel. Adorei a sua foto na categoria "só sensualidade" com analisys paralisys no army of frogs. :)

E Bel, você a a nossa correspondente internacional (acompanhada de Taninha) oficial! Todas as convenções de jogos na Europa são sua responsabilidade! Pode ficar traqnuila que o seu salário do Oba Tijolo será aumentado em 20% para cobrir despesas! :P

beijocas!!

Chirol disse...

PS: Só mesmo a Taninha para derrotar o próprio inventor do jogo...

se bem que eu tenha uma teoria que o Knizia inventa muitos jogos para poder ganhar. Ele joga mal, e só consegue vencer enquanto ninguém mais sabe jogar. Depois que pegam o jeito, ele se lasca!

(Ainda falta um certo embasamento nesta teoria, eu nem mesmo sei porque acho isso, mas é engraçado, não acham?)

Stein disse...

O Mr. Jack é sensacional. É o supra sumo dos jogos? Não. É genial? Não.

O que ele é: inteligente, simples e rápido. Embora o pessoal de Portugal diga que não, este é um jogo dedutivo, mas do modo mais simples, binário, quase que dialético.

Dêem uma chance a ele, não vou insistir porque sei que gosto é gosto.

abs

Anônimo disse...

Oi, achei seu blog pelo google está bem interessante gostei desse post. Gostaria de falar sobre o CresceNet. O CresceNet é um provedor de internet discada que remunera seus usuários pelo tempo conectado. Exatamente isso que você leu, estão pagando para você conectar. O provedor paga 20 centavos por hora de conexão discada com ligação local para mais de 2100 cidades do Brasil. O CresceNet tem um acelerador de conexão, que deixa sua conexão até 10 vezes mais rápida. Quem utiliza banda larga pode lucrar também, basta se cadastrar no CresceNet e quando for dormir conectar por discada, é possível pagar a ADSL só com o dinheiro da discada. Nos horários de minuto único o gasto com telefone é mínimo e a remuneração do CresceNet generosa. Se você quiser linkar o Cresce.Net(www.provedorcrescenet.com) no seu blog eu ficaria agradecido, até mais e sucesso. If is possible add the CresceNet(www.provedorcrescenet.com) in your blogroll, I thank. Good bye friend.

Anônimo disse...

MOOOOORRRRAAA Cresce.net!!!!

zorg disse...

Muito boa, esta reportagem de Essen! Nota-se que foi feita por uma profissional! :)

Em relação aos jogos, ainda bem que avisas que o jogo do Steding não presta, que eu estava quase a cometer a loucura de comprar!

Costa disse...

@Zorg

Olha que o jogo não é mau, nada disso. Só que ao contrário do que dizem na caixa, o jogo não dura só 45 minutos. Nós já fizemos vários testes e aquela gaita vai SEMPRE durar 2 horas ou mais e o pior é que são duas horas a puxar pela mioleira à força toda. O jogo exige muito do jogador (em termos mentais). E isso desmotiva!

Mas a ideia é boa e o conceito também, mas custa a jogar e dura, dura, dura...

;) Hope it helped

Rafael Mantovani disse...

ei bel,


obrigado pela excelente reportagem, como disse o dimi foi o melhor e mais interessante relato de essen que já li!

bjos pra vcs

missbutcher disse...

Zorg, Manti,
Obrigada, rapazes. Saudades de vocês.