quarta-feira, 23 de agosto de 2006

pra começar

Salve tijoleiros, tijolófilos, e pobres incautos que dêem com este blog por acaso.

estava eu por estes dias lendo uma geeklist (listas ilustradas a respeito de qualquer aspecto de jogos e do hábito de jogar, que podem ser feitas no boardgamegeek - ver link ao lado) que compilava as melhores regras para se decidir quem começa o jogo.

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essas regrinhas, ainda que na quase totalidade dos casos pudessem ser dispensadas, quando bem feitas, ajudam a quebrar o gelo, descontrair o ambiente, e até a introduzir os jogadores na atmosfera do tema do jogo, ou apenas na do ato lúdico em si.

grande parte delas constitui uma oportunidade para o autor exercitar sua - nem sempre bem sucedida - verve humorística;

muitas são piadas assumidas, sem qualquer viabilidade (como uma que diz: "começa o jogo o participante que tiver mais recentemente escalado o everest usando apenas bastões esculpidos em madeira de árvore-mamute", ou algo assim);

outras dão oportunidade para que os jogadores façam troça uns dos outros - "começa o jogador menos sábio", "o que equilibrar mais fichas no nariz", "quem teve o pior dia hoje", etc. - o que, a meu ver, pode contribuir para que os presentes se desliguem da sisudez do mundo lá fora, para abraçar o tom de bobeira, gracejos idiotas e picuinhas inocentes que geralmente se encontra nos grupos de jogos freqüentes.

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como minha missão pessoal é estudar a união do meio com a mensagem, e trabalhar para que ela seja indissolúvel e potencializadora do potencial expressivo (ah, sim: esta é minha missão pessoal na vida. muito prazer.), tendo a gostar em especial das regras que não apenas propiciam a descontração, mas também direcionam a imaginação das pessoas para o campo do tema do jogo

- como algumas das supracitadas, e mais outras tantas: "quem se parecer mais com um pirata" (Cartagena), "quem cacarejar mais alto" (Dança dos Ovos - né, Ana?), "o jogador mais peludo" (Era do Gelo, mais conhecido como "o jogo do mamute"), "quem tiver mais medo de água" (Niágara), "quem tiver consigo o objeto mais antigo" (Jenseits von Theben, um jogo sobre busca de artefatos arqueológicos), e por aí vai.

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esse tipo de regra não vai realmente mudar o curso do jogo e, como eu disse no início, poderia ser suprimida na maior parte dos casos; mas acho que contribuem para o jogo, por estarem imbuídas desse espírito bobo e bem-humorado, e/ou por estabelecer esse vínculo inicial com a ambientação e tema do mesmo.

porque o cérebro humano é curiosamente seletivo nas suas atenções, e um pequeno elemento pode conectar imediatamente toda uma rede de conhecimentos e condutas (quantas vezes não saímos à rua e notamos uma série de "coincidências" com algo em que passamos os últimos pensando?)

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a mim mesmo, impregnado que estava (ou estive, ou estou) dos jogos que ando desenvolvendo, acabou ocorrendo, numa ocasião em que estava trabalhando num deles, a idéia para uma dessas regras de início engraçadinhas.

muito despretensiosamente, eu a inclui nas regras escritas do jogo. e qual não foi minha (agradável) supresa ao ver que os jogadores que fizeram o teste das regras (jogar sem que ninguém lhes ensinasse, apenas lendo as regras) pararam para rir e comentar, e gozar um ao outro por uns instantes, ao ler a tal regrinha besta...

[aproveito para inserir mais um agradecimento ao Gabriel e à Camila, o simpático casal de playtesters - cujo único defeito talvez seja serem mais espertos que a média, me fazendo assim acreditar que as regras estavam de fato suficientemente claras :]

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existem, no entanto, como eu disse, regras de início mais sérias, necessárias mesmo ao bom funcionamento do jogo - como a do "jogador com menor número de cartas", do Alhambra, ou a distribuição de recursos desigual do Caylus e do Puerto Rico (o último jogador recebe mais dinheiro / uma plantação inicial de milho, respectivamente; se bem que essas não definem quem começa o jogo, apenas levam isso em consideração), ou a engenhosa carta n. 1 do Tichu.

mas essas são, me parece, minoria.

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bem, para terminar este "para começar", vai aqui um link muito interessante (e, como muita coisa neste mundo de fanatismo, um tanto assustador pela sua simples existência):

o primeiro e único buscador-de-regras-para-decidir-quem-começa-o-jogo.

sim! é isso mesmo. por bizarro que pareça, alguém compilou as regrinhas de início de pouco mais de mil jogos, de 400 autores diferentes, e as categorizou em 14 grupos. e ainda fez este programinha, onde podemos buscá-las por qualquer das 3 referências - categoria, autor, ou pelo nome do jogo.

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abraços paratodos;

é o fim.

6 comentários:

Rafael Mantovani disse...

hahaha, muito bom esse site spielboy, dêem uma olhada nisso aqui: http://www.spielboy.com/images/hierarchy.gif

hahaha de novo
bjos

Dimitri BR disse...

Manti!

você viu?!

..."inspirado pelo Brunching Shuttlecocks" :D

Hugo Carvalho disse...

Este post foi bastante util. Quando jogo, normalmente a parte de quem começa a jogar calha sempre ao mesmo. O mais novo. Ainda para mais quando o grupo é sempre igual e o mais novo está presente.
Agora já tenho novas ideias que podem ser interessantes por em prática.

ana k. disse...

Ei, Dimi!
Estou me sentindo uma galinha d'angola infectada de prions!
beijos,

Anônimo disse...

;)
http://www.boardgamegeek.com/game/24996

Dimitri BR disse...

foi muito legal!

tão legal, que só teve dois defeitos:

1. acabou rápido hahaha
2. faltou Chirol

oooh.

;]