domingo, 24 de setembro de 2006

Ascenção e queda do Império de Catan

Lendo o mea culpa de nosso "mentiroso" humdeabril e também lendo os comentários de uma geek lista acerca de jogos "que tenho mas não deveria ter comprado" comecei a pensar sobre o negro sentimento do arrependimento, cujos efeitos mais latentes são os galos na cabeça e as consultas frequentes ao saldo de sua conta bancária.

Mas o que levaria a essa sensação de arrempedimento? A mesma poderia ter sido evitada? Como se desenvolve essa relação de frustração e amargura? Como a expectativa e posterior alegria de rasgar um plástico se transformam no amargo exílio dos esquecidos, relegados ao canto do armário, servindo como suporte de outros jogos de melhor sorte? Como evitar essa triste sina?

Já que estamos no meio de uma madrugada, vou listar comentários sem qualquer coerência entre os mesmos, não farei um texto fluente ou ao menos didático. Ele será tão errático quanto a maré dançante dos meus pensamentos divagando entre a obrigação de dormir, trabalhos por realizar e a vontade de conversar sobre um dos meus passatempos prediletos.

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Impulso consumista

Às vezes uma capa bonita, um tema de nosso interesse, uma grande promoção ou mesmo uma oportunidade, mas nenhuma informação do jogo. Neste caso, não há muito o que dizer, impulsos podem ser controlados mas aqui confesso que peco pela gula e talvez minha expiação seja aturar o jogo ocupando espaço de outros.

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As aparências enganam

Jogo jogado uma vez, autor conhecido, ambiente agradável, tudo conspira para uma compra (a noiva de branco, sorridente, clima de festa...qualquer semelhança é mera coincidência). Então, vem o dia-a-dia, ou a jogatina do sábado ou domingo e logo tudo muda.

O fato é que uma partida não diz muito sobre um jogo principalmente se admitir variedade no número de participantes. Além disso, influenciado por fatores extra jogo, seu julgamento não é muitas vezes objetivo.

Quase desnecessário, mas todo mundo erra, inclusive o Knizia. Ou todo mundo precisa de dinheiro, inclusive o Knizia. Premido pela pressa da produção ou pelo vencimento das dívidas não acredito que o Knizia acerte sempre, então cuidado.

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Se melhorar estraga

Novamente um bordão, clichê e a gasta sabedoria popular: tudo o que vem em excesso faz mal. Bons jogos podem se desgastar pela repetição e neste grupo incluo atualmente o Settlers of Catan e o Kingdoms. Por isso, se vc tem uma coleção variada procure exercitá-la. Dê chances para todos.

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A conclusão é algo que já se comentou aqui no grupo: leia o máximo possível sobre o jogo, dispute partidas on-line, converse com outras pessoas, jogue com pessoas diferentes fora do seu grupo para avaliar as possibilidades, enfim, tudo isso conduzirá a uma compra relativamente segura.

Agora, algo que não temos empregado muito, talvez pelo tamanho reduzido do mercado, é o escambo. Uma tentativa tímida aguarda, inclusive, o seu desfecho (Manti, vamos fechar o negócio Hera & Zeus x Roma?).

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Enfim, acho que abusei de um monte de lugares comuns (filme argentino muito bom aliás), mas o intuito era incentivar novos comentários sobre esse passatempo comum a todos.

abs

Stein

6 comentários:

Hugo Carvalho disse...

Salientas um ponto importante. O volume de compras ultrapassa o numero de jogatanas. Ou seja, na maior parte dos casos o que acontece é que se gasta dinheiro num jogo para o jogar apenas uma vez.
Ultimamente tenho tido mais cuidado. Ainda recentemente estive para comprar o Warrior Knights. É um tipo de jogo que faz totalmente o meu genero. Tem guerra, o tema é medieval e as suas 5 horas de jogo transformam-no num épico. As críticas foram boas e o jogo é bonito. Tem figuras e um mapa bem feito (qualidade Fantasy Flight). Estive dois dias a pensar em o comprar. Acordava de noite com suores frios e sonhava com cavaleiros a percorrer, ao vento, vestidos em armaduras os seus domínios.
Mas no fim não comprei o jogo. Não o comprei porque não conseguia arranjar 5 pessoas para estarem 5 horas a jogar comigo, ainda por cima um jogo com uma componente militar muito grande.
Pela primeira vez ponderei uma escolha. Tenho pena porque adorava jogar Warrior Knights, mas o investimento era ruinoso.

soledade disse...

A febre das compras impulsivas também já passou por mim. Agora vou aguentando. Não é fácil. Chego até a ressacar mas, como o Hugo diz, não vale a pena comprar um jogo para ficar um ano à espera de coragem para experimentar, porque precisa de cinco jogadores de cinco horas.
O Die Macher é um jogo que, eu acho, extraordinário, mas que ninguém aqui teve ainda coragem de experimentar. E não é propriamente um jogo barato...
Parece que a solução é jogá-lo aos bocadinhos. Deixar a mesa montada por quatro ou cinco semanas.
É isso que vamos tentar fazer na próxima sexta-feira.
Abraço
Paulo

PS: Talvez este não seja o sítio indicado mas ainda assim arrisco. Ouvi o 3a1 online e gostei muito.
no carnaval é muito bom, sobretudo gostei daquele bocadinho de Chico incidental...
até ao amanhecer, mais roqueira, afinal não sou palhaço :)
E a vida começa mesmo no apito final!
Parabéns

zorg disse...

Eu tenho a regra de só comprar jogos quando já joguei todos os que tenho mais do que 1 vez. Isso tem-me evitado algumas compras por impulso... mas não todas. :)

Acho que com a experiência também se aprende a ser mais prudente nas aquisições. Por exemplo, o meu velho eu, adolescente e ingénuo, teria comprado o Tempus sem hesitar, mal ele saiu, tal o bom aspecto que aquilo tinha. O meu eu mais experiente detectou os sinais a tempo, viu as reviews pouco unânimes, deu uma olhadela às regas e resolveu esperar para ver. Isto é entrar na puberdade! :)

Hugo Carvalho disse...

Não gosto nada deste novo Zorg.
O velho Zorg era o desejo de qualquer boardgamer.
Lembro-me muitas vezes estar a ver os jogos novos no mercado e pensar:
"Não sei se será uma boa ideia comprar isso. Vou deixar o Zorg comprar para ver como funciona."

soledade disse...

O Stein deixou aqui uma aberta interessante sobre um tema... a produção.
Até que ponto a produção, mais ou menos acertada, consegue fazer-nos deixar de gostar, ou não, de um jogo. Lembro-me das discussões anteriores aqui no oba falarem sobre tema vs. mecânica e como isso influencia a perspectiva do jogador.
Até que ponto eu posso deixar de gostar de um jogo genial (Tigris e Euphrates, por exemplo) porque a produção é feia (Mayfair games)...

Paulo

soledade disse...

PS: Claro que o feio e o bonito não são propriamente coisas que se meçam aos palmos, nem verdades tão "líquidas" comparando com mecânica/tema...

Paulo