segunda-feira, 29 de maio de 2006

as popular as the movies

Salve Stein e demais queridos colegas.

comecei este post como uma resposta ao do Stein logo abaixo, mas ele cresceu :]

vamos lá:

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tabuleiro X cartas: uma breve digressão sobre o mercado dos jogos

componentes: Puerto Rico


componentes: San Juan

acho que é uma dúvida que os fabricantes também têm, Stein :]

lendo as "premissas de vida" da Days of Wonder, no entanto, dá pra ver que eles se sentem mais inclinados a fazer jogos maiores fisicamente, com muitas peças, investir bastante na arte, etc., por acreditarem que o prazer estético cria vínculos afetivos com o jogo, e que a ambientação rica potencializa o poder de "transporte", de desligamento da realidade, dos jogos:

In addition to great game play, we believe that the materials in a game should make it a pleasure to play. Days of Wonder games set the standard for the highest quality components and uncompromising production values. We know you enjoy them.

do ponto de vista mercadológico, acho que isso faz sentido, pois o jogo é um bem de grande durabilidade. assim, o comprador entende que está realizando um investimento cujo custo vai se diluir a longo prazo - e se dispõe, portanto a pagar por componentes não apenas mais bonitos, mas também mais sólidos.

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por outro lado, as versões para cartas de jogos consagrados tem se tornado freqüentes, mas essa tendência se encaixa bem na lógica anterior, à qual a versão em cartas pode servir de ao menos duas maneiras:

1. para suprir a demanda de versões portáteis e/ou mais rápidas dos jogos; e

2. para servir como teste ou porta de entrada para o jogo original - já que um mesmo consumidor que não se diporia a pagar mais de 30 euros pelo tabuleiro talvez pague 15 pelas cartas, assim como um jogador iniciante pode se assustar menos com as elegantes cartinhas e a mecânica simplificada do San Juan do que com o s infinitos tokens do Purto Rico.

esse segundo aspecto é particularmente importante porque, como toda indústria que tem um base de clientes limitada e enfrenta resistência à sua expansão, a de jogos de tabuleiro dedica muitos esforços a convencer não-jogadores a dar uma chance à prática de jogar.

novamente a Days of Wonder é bem explícita nesse sentido:

Our Mission [assim mesmo, com ‘M’ maiúsculo :] is simple: To make games as popular as the movies! [!!!] We want to help avid game hobbyists and casual game players rediscover the sense of wonder and excitement they had as children when opening a new game.

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assim, se a ênfase em jogos maiores e com muitas peças – e portanto mais caros – é característica de um mercado de (relativo) luxo, que deve obter lucro a partir da venda para um segmento pequeno (como acontece hoje em dia com os cds e revistas em quadrinhos, por exemplo) de unidades limitadas de produtos de grande qualidade/duração, a existência dos jogos mais simples/mais baratos demonstra um interesse da indústria em ampliar sua base de atuação.

e nesse sentido as versões são excelentes, mais eficazes que um jogo de cartas autônomo, por uma razão simples: elas estão diretamente vinculadas à um produto da outra faixa de consumo. ou seja, podem de uma só vez introduzir o comprador eventual na prática de jogar, e também estimular seu futuro “upgrade”, seu ingresso naquele grupo restrito de compradores especializados.

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aliás, é uma lógica semelhante que faz com que proliferem as versões online ou by mail dos jogos - com o adicional de que estas visam conquistar um público com grande potencial de adesão à prática dos jogos de tabuleiro, atuando justamente no elemento natural daquela que é vista como grande adversária: a indústria de jogos eletrônicos.

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[eu acho! :]

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[quem ainda não estiver saciado, vale a pena ler o site da Days of Wonder.

os caras tem sessões tipo "por que jogar", "como escolher um jogo", etc., que deixam bem claras a sua ambição e sua estratégia. não é tãohilário quanto o videozinho que veio junto com o Märklin, mas é bem interessante :]

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beijos paratodos os especialistas do Tijolo!

7 comentários:

missbutcher disse...

Xiii, isso aqui está muito parado.

Dimitri BR disse...

"comigo não tá!"

Rafael Mantovani disse...

ah, não... o sintoma de que o negócio está parado é quando as únicas contribuições das pessoas são pra dizer que está parado... vamos apenas deixar que surja o assunto, nada de pânico

bjos

Dimitri BR disse...

pô, mas sem melancia, devo dizer que ninguém comentou o meu 'breve tratado sobre a indústria do jogo'. isso é um assunto, não é? e aliás, é um assunto começado pelo Stein, continuado por mim... só quis dizer que bastava alguém dar seqüência. ou que não podia ser imputada a mim a estagnação passageira do blog. bobagens...

Tânia disse...

Dimitri, na realidade eu adorei a comparação usando a foto do Puerto Rio e do San Juan. Gostei ainda mais de ficar imaginando a gente jogando com todas aquelas pecinhas e cartinhas na semana que vem.

Beijos a todos

Dimitri BR disse...

valeu, Stein. nem era um "artigo"; era um reply rrss.

agora, publicar no BGG... em Português?

Dimitri BR disse...

muito bem colocado, Chireba.

a dificuldade de reprodução manufaturada é um trunfo da indústria de bgs, e isso os estimula a caprichar ainda mais na produção.